01/11/2021 às 10h51min - Atualizada em 01/11/2021 às 10h51min

Mato Grosso do Sul participa de uma das maiores conferências climáticas do mundo

A 26ª edição da Conferência das Partes da ONU sobre mudanças climáticas é considerada a mais importante depois do Acordo de Paris

COP 26 começa hoje e vai até 12 de novembro - Divulgação

 

Mato Grosso do Sul vai expor dois estandes na 26ª edição da Conferência das Partes da ONU sobre mudanças climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia.

Nas próximas duas semanas, diplomatas de mais de 200 países negociam os últimos ajustes da regulamentação do Acordo de Paris e buscam soluções para o financiamento, a compensação por perdas e danos, e o aumento das metas climáticas.

A COP26 é considerada a mais importante depois do Acordo de Paris, assinado em 2015, por representar uma última chance para que os países viabilizem o objetivo do acordo: conter o aquecimento global em até 2ºC, preferencialmente próximo de 1,5ºC (em um mundo que já aqueceu 1,1ºC).

Mato Grosso do Sul foi levado ao congresso pela sua participação no Brasil Verde, do grupo dos Governadores pelo Clima, onde se comprometeu a interromper totalmente a emissão de carbono até 2030, ou seja, 20 anos antes da meta estabelecida pelo Acordo de Paris.

O secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, alegou que este é um momento fundamental para as próximas gerações, onde mundo vivencia eventos climáticos extremos, como as queimadas no Pantanal em 2020 e a crise hídrica neste ano.

"Por isso, nenhuma ação do poder público e da sociedade, que tenha impacto sobre o desenvolvimento econômico e social, pode se eximir dos compromissos já assumidos no Acordo de Paris em 2015, a fim de conter o aquecimento global e evitar uma catástrofe climática com sérias consequências sobre as economias e as populações", apontou.

Além dos projetos implementados para reduzir emissão de carbono, também será exposto no COP26 o plano "Ilumina Pantanal", que leva energia solar para mais 5 mil famílias pantaneiras.

A ação já está em fase de execução, com previsão de finalização das instalações até o fim de 2022 e investimentos de R$ 133,9 milhões.

Em parceria com o Laboratório de Tecnologia e Gestão de Negócios da Escola de Engenharia da UFF (Latec), Eletrobrás, Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Energisa e Concen, o projeto foi um dos três finalistas do Solar & Storage Live Awards 2021, prêmio de inovação em geração solar, que aconteceu na Inglaterra.


Por que a COP26 é tão importante para enfrentar a crise climática?

No último agosto, o relatório publicado pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, na sigla em inglês) trouxe uma definição científica para a discussão da emergência climática. 

Segundo o documento, para garantir o cenário climático mais seguro (com aquecimento de até 1,5ºC), o mundo deve derrubar as emissões de gases-estufa imediatamente.

Segundo o relatório, assinado por 234 autores de 65 países, o mundo terá 83% de chances de conter o aquecimento global entre 1,5ºC e 1,9ºC se atingir o pico de emissões imediatamente, limitando-se a emitir um orçamento de 300 gigatoneladas de gás carbônico (principal causador do aquecimento global). 

No ano passado, o mundo emitiu 34 gigatoneladas de CO2.

O corte global de emissões de gases-estufa deve ser de 55% até 2030, segundo o IPCC. No entanto, os compromissos anunciados pelos países até o momento devem derrubar apenas 7,5% das emissões até o fim da década, segundo o relatório Lacuna de Emissões, publicado na última terça-feira (26) pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

"Dois membros do G20, Brasil e México, apresentaram metas que levam a um aumento nas emissões", diz o relatório do Pnuma. A meta brasileira, apresentada no fim do ano passado pelo então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é acusada de violar o Acordo de Paris por retroceder no compromisso.

Em uma manobra apelidada de pedalada climática, o governo federal mudou a base do cálculo sem ajustar o valor percentual da meta de redução de 43% das emissões até 2030, o que na prática resulta em emissões mais altas do que as acordadas nos compromissos anteriores.

O governo tem sinalizado que deve apresentar uma nova meta climática no início da COP, com um ajuste de 43% para 45%. O novo número, no entanto, não corresponderia ao ajuste necessário para evitar a pedalada.

Segundo o cálculo feito pelo projeto Política por Inteiro, do Instituto Talanoa, a meta deveria ficar em 55%, para se manter o compromisso feito pelo país em 2015 ajustando-se os valores absolutos das emissões calculadas conforme inventário mais recente (a 4ª Comunicação Nacional), e a referência mais recente do IPCC (relatório AR-5). 

Caso o governo use uma referência mais antiga do IPCC, o SAR, o valor correspondente deve ser de 51%.

"Esses valores são para manter o compromisso de redução de emissões firmado em 2015, que é o mínimo. No estudo Clima e Desenvolvimento, apontamos cenários de 66% a 82% de redução de emissões, o que levaria a R$ 92 bilhões de reais em investimentos, geraria mais de 120 mil empregos e colocaria o Brasil no caminho do crescimento sustentável", afirma Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.


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