Embora ainda tratado como conjectura, é cada vez mais crescente o debate em Brasília (DF), na ala política do presidente Jair Bolsonaro (PL) conhecida como Centrão, sinalizando que o melhor para o mandatório seria a escolha da ministra campo-grandense Tereza Cristina (Agricultura), atualmente no União Brasil, como sua vice na corrida pela reeleição.
Tereza virou uma espécie de plano A do grupo como vice na composição da chapa pela reeleição de Bolsonaro, conforme informação divulgada pelo jornal O Estadão de São Paulo ontem (8).
Contudo, em entrevista ao Correio do Estado na semana passada, a ministra disse que a ideia de se tornar vice do mandatário seria fruto de “especulações” e que ela assumira até agora, de fato, a condição de pré-candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul.
Tereza disse à reportagem que o presidente da República nunca tocou no assunto com ela.
Ontem, o Correio do Estado voltou a indagar a questão à ministra, desta vez via assessoria, que respondeu que a situação permanece a mesma e, por ora, ela segue sendo pré-candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul.
Porém, apesar das negativas seguidas de Tereza, o cenário político em Mato Grosso do Sul entra em estado de indefinição com tais hipóteses sendo levantadas constantemente pela mídia nacional e regional.
Sem Tereza no páreo pelo Senado, a disputa pela única vaga sul-mato-grossense no pleito deste ano sofreria um frenesi político e mudaria a forma com que se projeta o jogo eleitoral de outubro.
É que Tereza, embora sem uma pesquisa, um estudo eleitoral consciencioso indicando seu favoritismo, é tida entre partidos aliados e opositores como forte candidata à vaga.
Com a ministra fora do jogo, a cadeira no Senado teria mais concorrentes interessados, alguns deles até aqui com receio de enfrentar nas urnas o capital político da ministra.
Até agora, apenas um concorrente mostrou-se interessado na pré-candidatura ao Senado, o ex-juiz federal Odilon de Oliveira, do PSD.
O deputado estadual José Carlos Barbosa, o Barbosinha, também do União Brasil sul-mato-grossense, político próximo de Tereza há tempos, acha que a ministra deve “analisar bem” o convite, se chegar a acontecer.
“É um motivo de lisonjeio. Obviamente que o nome dela em destaque para ser a vice de Bolsonaro não é só por ela ser a ministra da Agricultura. Ela já ocupou cargo de secretária estadual, deputada federal, é líder ruralista. Um convite para ser a vice não pode ser desconsiderado”, afirmou o parlamentar, que vê Tereza Cristina como um dos três principais nomes do ministério de Jair Bolsonaro.
A proximidade política de Barbosinha com Tereza Cristina é tanta que ele aguarda o rumo partidário que a ministra tomará para também decidir o dele.
O DEM, antigo partido de ambos, deixou de existir a partir da fusão com o PSL e o surgimento da nova legenda União Brasil.
Até agora, a ministra foi convidada a filiar-se ao PL, partido de Bolsonaro, e ao PP, se preferir, além de continuar nas fileiras do União Brasil, homologado ontem pela Justiça Eleitoral.
Reportagem publicada ontem pelo Estadão revelou que ministros do Centrão têm pressionado o presidente Bolsonaro pela escolha de Tereza como vice porque pesquisas da pré-campanha indicam o machismo como um dos pontos fracos de Bolsonaro, que perde cada vez mais votos no eleitorado feminino.
Ainda segundo o jornal paulistano, Bolsonaro também teria perdido apoio de parte do segmento do agronegócio. Um dos principais apoiadores da ideia de ter Tereza como vice é o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.
A avaliação de aliados do governo, segue o jornal, é de que Tereza Cristina, ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, pode ajudar a quebrar resistências ao presidente nesse setor.
No núcleo duro do Centrão, bolsonaristas argumentam ainda que, além de auxiliar na tarefa de atrair votos de mulheres, a entrada da ministra na chapa da reeleição também agregaria setores do agronegócio que confiam em Tereza.
O “sim” dela faria com que pela primeira vez duas mulheres de Mato Grosso do Sul estivessem em destaque eleitoral simultâneo.