12/07/2022 às 15h43min - Atualizada em 12/07/2022 às 16h20min

Expert em logística global na Nova Rota da Seda da China é recebido em São Luís

Paul Lee, professor da Universidade Zhejiang, na China, abriu o Seminário e apresentou os pontos que tornam a capital maranhense e o Porto de Itaqui estratégicos na Nova Rota da Seda

DINO
Professor Paul Lee durante apresentação do seminário.

No primeiro dia do evento “As Potencialidades do Maranhão na Nova Rota da Seda da China: oportunidades de negócio e de desenvolvimento para o Brasil”, realizado na sede do governo de São Luís, no Maranhão, Paul Lee, professor da Universidade Zhejiang, na China, e um dos idealizadores do estudo Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road, de 2022, deu detalhes sobre o projeto Belt & Road Initiative (BRI) e esclareceu porque a capital maranhense é um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China. 

Ao lado do secretário de Desenvolvimento Econômico, José Reinaldo Tavares, Lee explicou que como um grande parceiro comercial do Brasil, a China busca incrementar ainda mais a exportação de diversas commodities e que um dos diferenciais e potencialidades do estado do Maranhão está justamente em sua posição logística estratégica e também nas particularidades do Porto de Itaqui. “Por conta da profundidade, o Porto de Itaqui permite acomodar grandes navios e embarcações, como os que transportam minério de ferro e grãos. Além disso, o projeto poderá tornar os custos de transportes entre os dois países ainda mais competitivos”, avalia Lee.

Lee apresentou estudos de caso e deu um panorama geral sobre o funcionamento do financiamento e dos negócios da China relacionados ao projeto BRI, além de ressaltar a importância das seguranças alimentar, energética e ambiental. O estudioso também pontuou a importância do movimento de cargas e navios ao redor do mundo e os mecanismos de importação e exportação para a iniciativa.

O estudioso mostrou a atuação do projeto BRI em diversos países e falou também sobre como é possível fazer um modelo de precificação integrada entre os setores de portos e ferrovias para tornar a exportação brasileira mais competitiva. “A rota da seda é composta basicamente por dois componentes: a linha terrestre e as linhas marítimas. No meu estudo propus uma nova rota da seda marítima entre Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e América do Sul”, explica. “A BRI também tem foco no desenvolvimento das questões terrestres – o Brasil, por exemplo, possui portos secos, por conta do tamanho do país. Os portos secos, conectados por ferrovias, estão em inúmeros exemplos no projeto BRI”, aponta.

O Porto de Itaqui no Maranhão já é um dos principais exportadores de grãos e minérios de ferro para a China e o objetivo, de acordo com Ted Lago, presidente do Porto de Itaqui, é dar um segundo passo, ao inserir a América do Sul no conceito da Rota da Seda, uma rota milenar e recentemente reativada pela China na geopolítica internacional. “Nosso propósito é planejar a inserção do Porto de Itaqui no Maranhão na cadeia produtiva chinesa, não só na exportação das commodities, mas também no processo produtivo. Queremos atrair indústrias para cá e buscar mais investimentos em infraestrutura para diminuir os custos em logística”, observa Lago.

Lago esclarece, ainda, que o Porto de Itaqui já está inserido na cadeia logística da China, por movimentar cargas de sete estados da região Centro-Oeste. “Esse é um mercado de mais de 50 bilhões de pessoas. Estamos oferecendo nossa infraestrutura para que as indústrias chinesas também possam ser implantadas no Maranhão, agregar valor, gerar empregos, e também no sentido contrário, de que a matéria prima nacional possa ser exportada para a China, complementa.

Com a inclusão de São Luís na BRI, a China vai garantir vultosos recursos para infraestrutura, centrais de distribuição de mercadorias e acesso privilegiado para exportação a outros países que compõem o projeto. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, José Reinaldo Tavares, a inclusão de São Luís no maior programa de expansão econômico do mundo inaugura uma fase inédita de desenvolvimento socioeconômico para o Maranhão, a partir de uma discussão que envolve vários aspectos, desde o turismo até infraestrutura, desenvolvimento econômico e segurança alimentar. “É o início de uma possível mudança, muito forte, nas condições do movimento do Estado”, avalia. 

Tavares lembrou, ainda, que o professor Lee faz parte de uma elite de grandes pesquisadores e é um dos idealizadores do projeto da Nova Rota da Seda, que inclui São Luís. “Hoje, o Maranhão tem o maior complexo portuário do Brasil, ligado a grandes ferrovias, como a Norte-Sul, e qualquer mercadoria chega a qualquer porto brasileiro com custos muito mais baixos, o que é uma vantagem enorme”, lembra.

O projeto traz, ainda, um impulso em novas oportunidades para o setor de energias renováveis no comércio global. De acordo com Allan Kardec, diretor da Gasmar - Companhia Maranhense de Gás, a perspectiva é de que o gás GNL produzido na bacia do Parnaíba seja exportado a partir do projeto BRI. “Acabamos de fechar um contrato com a Vale, no valor de R$ 1 bilhão, e outro com a Suzano, este de meio bilhão de reais, e enxergamos grandes oportunidades para exportação. O Maranhão pode se viabilizar como um cluster de gás, não apenas pelas grandes indústrias, mas também das pequenas e de gás veicular”, afirma Kardec.

Programação Semana 

12/07 (terça-feira) - Setor de Logística Marítima na sede do Porto do Itaqui. 

13707 (quarta-feira) - Palestra sobre o setor de Logística Ferroviária, na sede da FIEMA.

Sobre Paul Tae-Woo Lee

Professor de Logística Internacional e Transporte Marítimo da Universidade Zhejiang, em Zhoushan, China. É diretor associado de pesquisa do Instituto de Cadeia e Suprimento de Logística, Faculdade de Negócios, Victoria University de Melbourne, Austrália. Possui PhD pela Universidade de Cardife. É um reconhecido estudioso no campo da economia marítima, com publicações internacionais, presença em conferências e tem atuado como consultor de diversos governos e indústrias marítimas no mundo. É mestre em Economia pela Dong-A University de Busan, Coreia do Sul. Foi editor-chefe de diversos jornais e periódicos internacionais de Logística, Comércio e autor de várias obras no segmento de estudos marítimos, portos, economia globalizada e desenvolvimento.

 

 


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