14/09/2022 às 19h47min - Atualizada em 14/09/2022 às 19h47min

‘Provinciano é o novo cool’: em tendência de consumo pessoas buscam contato com a natureza e comunidade locais

Especialista em comportamento de consumo e varejo de luxo comenta sobre tendência que é observada em todo mundo, especialmente em Mato Grosso do Sul.

Renata Barros, g1 MS
Turista aproveita pôr do Sol de Mato Grosso do Sul em balanço. — Foto: Luiz Mendes/ArquivoPessoal
Durante cerca de dois anos a população mundial foi orientada a permanecer em casa para evitar o contágio da Covid-19. Aos poucos, com o avanço da vacinação, as pessoas começaram a sair de casa com o objetivo de aproveitar e valorizar ainda mais a vida. Neste cenário pós-pandemia, uma tendência de consumo passou a ser observada por especialistas em todo o mundo: o localismo.
 
“Localismo é a valorização do local em detrimento do global”, define o especialista em comportamento de consumo e varejo de luxo, Paulo Escrivano.
 
O especialista comenta que essa valorização do local engloba vários aspectos da vida humana, desde a busca por viagens como a escolha por onde morar.
 
“A gente vê desde comportamentos migratórios de pessoas saindo dos grandes centros e morando nos interiores, seja para buscar qualidade de vida, para fugir de uma pandemia ou então para realmente remodelar toda a sua estrutura de consumo mesmo, até as pessoas buscando por viagens no interior, isso como uma forma de se reconectar com a natureza”, detalha o especialista.
 
Segundo Paulo, essa tendência gera vários caminhos de consumo. “A gente fala do consumo do turismo, consumo de marcas conectando com esse consumidor mais local. A gente traz, por exemplo, a novela Pantanal como um grande ‘case’ da Rede Globo colocar no seu horário nobre uma novela que retrata exatamente o cotidiano do regional, dessa tendência do localismo”, analisa.
 
O especialista comenta que há a quebra de um paradigma, onde o “provinciano é o novo cool”. 
 
Neste cenário, Paulo aponta que se anteriormente as pessoas se orgulhavam de morar em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, hoje o que é considerado descolado é ter uma vida mais calma, longe destes espaços populosos.
 
“Hoje, descolado é você ter uma vida mais calma, é você ter bem-estar no seu dia a dia, é você procurar cidades menores que tenham essa comunicação regional, falando aí sobre comunidades. É realmente a quebra de um grande paradigma”, explica.
 
 De acordo com Paulo, a pandemia foi um acelerador desta quebra de paradigma. “Se até o comecinho de 2020, os grandes centros eram vistos como grandes locais para oportunidades, depois da pandemia tudo fechou, tudo parou, muita gente morreu, as grandes cidades foram as que mais sofreram com o isolamento social, sem dúvida nenhuma”, diz.

Mato Grosso do Sul nos holofotes
 
Com a exibição da novela “Pantanal”, Mato Grosso do Sul entrou ainda mais nos holofotes do Brasil. “A tendência do localismo, pela valorização do local, coloca Mato Grosso do Sul no holofote do Brasil. Se estou pensando em comunidades, olha o Pantanal, se eu estou pensando em viajar, eu vou para Bodoquena, Bonito. As pessoas começaram a valorizar”, explica o especialista.
 
Paulo comenta ainda que aliado a isso tem-se observado o aumento do turismo e a procura por uma conexão com a natureza.
 
“Aqui a gente tem natureza em todos os lugares, ao nosso redor a gente está cheio de natureza. As pessoas têm buscado muito esse turismo como uma forma de refúgio também. Além de claro, se conectar com as comunidades locais, que é outro fator super importante também”, ressalta.
 
Com o aumento da procura, atividades radicais são ainda mais procuradas. “Rapel, escaladas, mergulho, isso está muito latente, esses passeios radicais como uma forma de se liberar adrenalina”, comenta o especialista.
 
O cinegrafista e biólogo, Luiz Felipe Mendes, que está habituado a acompanhar turistas em viagens no Mato Grosso do Sul comenta que com a pandemia o brasileiro abriu o olhar para outras formas de turismo.
 
“A Estrada Parque Piraputanga é um lugar próximo a Campo Grande, a Aquidauana, que tem aberto olhares. É um lugar que tem vários acessos gratuitos, acho que isso conta muito. A pessoa só gasta com combustível, faz a programação dela, faz um piquenique, faz um tereré, fica o tempo que ela quer. Eu acho que isso é algo positivo”.
 
 A observação é compartilhada pelo condutor de ecoturismo, Clodoaldo Santana Teixeira, que atua no Morro do Paxixi, em Aquidauana. “Hoje tivemos um aumento significativo na procura pelos atrativos que incluem a família na natureza, aumentou e muito o fluxo de visitas pós pandemia”, comenta.
 
“ Todos querem a calmaria e a paz da natureza, procuram fazer mais atividades voltadas para a família. Preferem estar juntos”, completa.
 
O especialista em comportamento de consumo e varejo de luxo, Paulo Escrivano, é enfático em pontuar que o estado só tem a ganhar com a tendência do localismo.
 
“O maior ganho da tendência do localismo para Mato Grosso do Sul é que a gente começou a ganhar espaço na mídia, a gente começou a ganhar espaço na mente desse consumidor que está buscando por essas experiências imersivas”, finaliza.
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