20/10/2022 às 11h11min - Atualizada em 20/10/2022 às 11h11min

Homens de baixa escolaridade e jovens lideram abstenções

No primeiro turno, 440 mil não compareceram; nestas eleições, o volume de eleitores filiados a partidos aumentou

Levantamento realizado pela reportagem do jornal Correio do Estado junto aos dados estatísticos disponibilizado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS) revela que o perfil da maioria dos 440.777 eleitores que não compareceram às urnas no 1º turno das eleições gerais no Estado, o que representa 22,08% do total de 1.996.510 eleitores aptos, é de jovens do sexo masculino com baixa escolaridade e solteiros.

Ainda de acordo com esses dados, os jovens que não foram votar têm entre 25 e 29 anos de idade e totalizaram 30.063 eleitores.

Além disso, em relação à faixa etária com voto obrigatório (18 a 70 anos de idade), incluindo homens e mulheres, o sexo masculino também lidera as abstenções, pois, do total de 949.456 homens aptos a votarem, 227.896 não compareceram às urnas, o que representa 24%, enquanto no caso do sexo feminino, do total de 1.047.054 eleitoras aptas, 212.881 não compareceram, o que representa 20%.

Entre as pessoas que não foram votar, incluindo homens e mulheres, 268.458 eleitores eram solteiros, enquanto o grau de instrução da maioria das pessoas que não votou, incluindo homens e mulheres, tinha Ensino Fundamental incompleto (133.871 eleitores).

Na análise do cientista político Daniel Miranda, o índice geral de abstenções está dentro do padrão histórico brasileiro, gravitando entre 20% e 22%, portanto, não foi nada excepcional em relação a anos anteriores.

“Embora tenha sido ventilado que teríamos nesse 1º turno a maior abstenção da história, a variação ficou dentro do porcentual já esperado”, declarou, completando que, com relação à segmentação, a maioria de abstenções foi de eleitores do sexo masculino, mesmo assim a diferença não foi tão grande em relação às eleitoras.

“Ao que os dados indicaram, o sexo não foi preponderante para puxar para cima ou para baixo a abstenção. Já com relação à idade, o fato de a maior abstenção ser entre os jovens é um fenômeno mundial, geralmente ligado ao maior desinteresse dessa faixa etária pela política. Na minha avaliação, o mais interessante foi o grau de instrução, pois pessoas com menor escolaridade são menos propensas a se mobilizarem para ir votar”, pontuou Daniel Miranda.

Outro ponto levantado é de que o 2º turno das eleições, que será realizado no dia 30 de outubro, ou seja, próximo ao Dia dos Finados (2 de novembro), o índice geral de abstenção deve ser maior porque a data pode ser usada para viagens por parte dos eleitores.

Além disso, muitos eleitores consideram que a eleição já está definida e deixam de comparecer às urnas.

ELEITORES FILIADOS

O número de eleitores filiados a partidos políticos em Mato Grosso do Sul no 1º turno das eleições gerais deste ano cresceu 3,09% na comparação com as eleições gerais de 2018, aumentando de 280.435 para 289.0954 no período analisado, conforme dados do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS).

Ainda de acordo com as estatísticas de filiação de 2022, a maioria dos eleitores filiados a partidos políticos é formada por mulheres, 52% ou 149.865, enquanto os homens representam 48% dos eleitores filiados, ou 139.229.

Já em 2018, esses índices eram invertidos, pois os homens eram a maioria dos eleitores filiados, ou seja, 53,81% ou 150.890, enquanto as mulheres representavam 46,10% ou 129.293 eleitoras filiadas.

Neste ano, conforme o TRE-MS, a maior parte dos eleitores filiados a partidos políticos tem mais de 10 anos de filiação, 64,94% ou 187.752, seguido de perto por aqueles que têm entre cinco e 10 anos, ou seja, 20,25% ou 58.535.

Na comparação com 2018, os dados são semelhantes, pois, naquele ano, a maioria dos filiados tinha mais de 10 anos de filiação, ou seja, 60,72% ou 170.293, seguido por quem tem entre cinco e 10 anos, ou seja, 19,48% ou 54.641.

Quanto à faixa etária dos eleitores filiados a partidos políticos no Estado, neste ano, a maioria é formada por pessoas entre 45 e 49 anos de idade, ou seja, 35,32% ou 102.106, enquanto em 2018 esses dados também eram bem próximos, com 34,30% ou 96.177 eleitores entre 45 e 49 anos de idade.

Com relação ao estado civil dos eleitores filiados, neste ano de 2022, a maioria é casada, 45,01% ou 130.123 pessoas, enquanto em 2018 a maioria era solteira, 46,72% ou 131.030 pessoas.

Quanto ao grau de instrução, em 2022 a maioria tem o Ensino Fundamental incompleto, 27,83% ou 80.734, enquanto em 2018 a maioria também tinha o Ensino Fundamental incompleto, 31,72% ou 88.942 eleitores filiados.

Segundo as estatísticas do TRE-MS, com relação aos partidos que têm mais eleitores filiados em Mato Grosso do Sul, tanto em 2018, quanto em 2022, os três primeiros são MDB, PT e PSDB, respectivamente.

No caso deste ano, o MDB tem 15,14% ou 43.769 eleitores filiados, enquanto em 2018 eram 18,07% ou 50.685, ou seja, teve uma queda de 2,93 pontos porcentuais.

Já no caso do PT, neste ano, o partido tem 11,60% ou 33.548, enquanto em 2018 eram 11,28% ou 31.633, um leve aumento de 0,32 ponto porcentual. No caso do PSDB, neste ano são 10,99% ou 31.785, enquanto em 2018 eram 10,16% ou 28.501, um pequeno crescimento de 0,83 ponto porcentual.

Na análise do cientista político Daniel Miranda, os três partidos com maior número de filiados são os que já ocuparam o governo do Estado, e isso acaba gerando uma “onda” de apoios, pois a maioria dos políticos e lideranças não quer ser oposição e tende a levar consigo seus apoiadores.

“Basta verificar que, quando André Puccinelli [MDB] foi governador, a maioria dos prefeitos era de seu partido e, agora, o mesmo ocorre com o PSDB, que tem como governador Reinaldo Azambuja”, comparou.

 

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