23/09/2019 às 15h48min - Atualizada em 24/09/2019 às 23h48min

Suinocultura deve aproveitar o bom momento externo, mas investir pensando no mercado interno

As principais lideranças da cadeia de suínos do País reuniram-se em Foz do Iguaçu (PR), durante o Brasil Pork Event 2019, para avaliar cenários e projetar o futuro. Prevalece entre elas, a recomendação de que o setor deve aproveitar, com cautela, o apetite de compra chinês, mas prioritariamente, precisa ajustar o foco no aumento do consumo interno.

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A cadeia de suínos produz com qualidade e competitividade, mas precisa, com urgência, implementar estratégias eficientes para transformar estas vantagens competitivas em ganhos de mercado. Experiências bem-sucedidas em outros países comprovam que é necessário organizar e investir concretamente, para assegurar um consumo crescente e constante, que não dependa de imprevistos ou episódios sanitários como os vividos atualmente pela China e outros países".

Este, segundo o Diretor-Presidente da Topigs Norsvin do Brasil,  André Costa, foi o consenso a que chegaram 350 pesquisadores, técnicos, dirigentes de entidades do setor e suinocultores, reunidos em Foz do Iguaçu, durante a terceira edição do Brasil Pork Event.

Segundo ele, "assim como a Rússia desenvolveu sua própria estrutura produtiva, a China, mais cedo ou mais tarde, estará recompondo seus planteis e reduzindo a atual demanda. É preciso, sim, aproveitar as oportunidades externas, mas o grande potencial  de crescimento está no mercado interno", observa.

Potencial de expansão

Ainda de acordo com André Costa, os 210 milhões de brasileiros consomem em média, apenas 16 quilos de carne suína por ano, volume muito inferior à média da grande maioria dos países. "Com um esforço organizado, o País pode facilmente elevar esta média para 20 quilos ao ano. Isto equivaleria a um consumo adicional da ordem de 840 mil toneladas, muito superior às 685 mil toneladas que o Brasil exportou em 2018".

O exemplo que vem da Espanha

Um dos palestrantes, Gonçalo Pimpão, diretor da Topigs Norsvin na Espanha e Portugal, apresentou detalhes de como funciona a Interporc, organização que integra os diferentes elos da cadeia suinícola na Espanha, do criador ao frigorífico e distribuidor. É mantida com uma contribuição simbólica de cada participante, que, somada, representa a cada ano, 6,7 milhões de euros.

Com estes recursos, a Interporc desenvolve ações de marketing e institucionais, que abrem canais de comercialização, promovendo a imagem saudável, versátil e nutritiva da carne de porco espanhola, como parte integrante da cultura ibérica e da dieta mediterrânea. O espanhol consome, em média, 66 quilos de carne suína per capita, quatro vezes mais que a média brasileira.

Outra iniciativa lembrada pelo Presidente da Topigs Norsvin do Brasil é coordenada pela National Pork dos EUA, instituição que conta com recursos da ordem de 60 milhões de dólares anuais, para a promoção da carne suína norte-americana. "No Brasil, entidades de representação, como a ABCS e Associações Estaduais, têm desenvolvido um trabalho excepcional, mas sem recursos mais expressivos e sem a adesão de todos os integrantes da cadeia, fica muito difícil", pondera  André Costa.

Segundo o diretor de Negócios e Marketing da Topigs Norsvin, Adauto Canedo, o exemplo da Espanha motivou Entidades e lideranças presentes ao Brasil Pork Event para a necessidade de avançar em busca de mecanismos semelhantes para o Brasil. "Este deverá ser o tema de novos encontros, em breve" diz Adauto.

Inovação conquista mercados

Maior evento de negócios do setor, o Brasil Pork Event é organizado a cada dois anos, pela empresa de genética suína Topigs Norsvin, e faz parte de  um programa inovador de relacionamento  da Empresa com seus parceiros e diferentes elos da cadeia produtiva, chamado "Connect".

Trata-se de um programa que prevê diferentes níveis de participação e benefícios, entre eles, treinamentos, assessoria no gerenciamento de reprodutores, layouts de laboratório e controle de qualidade, disponibilização de software de gerenciamento e atualização em genética, assistência técnica e até mesmo a contratação de consultorias especializadas e viagens técnicas.

Além de inovar no relacionamento com o mercado, a Topigs Norsvin também foi pioneira com o programa InGene, um sistema de produção em núcleo fechado, no qual após o povoamento com as bisavós, avós e matrizes F1, a granja passa a produzir sua autorreposição, recebendo apenas sêmen de machos bisavôs e avôs de alto valor genético. Neste sistema, o plantel de matrizes é integrado à base de dados Pigbase na Holanda, por meio de softwares de gerenciamento de granjas. Assim, o programa de melhoramento é conduzido dentro da própria granja sob a orientação, o acompanhamento e a supervisão dos técnicos da Topigs Norsvin.

O uso deste sistema, segundo a Empresa, reduz o custo genético e o risco sanitário, aumenta a biossegurança e o progresso genético pela maior proximidade com o topo da pirâmide genética, maximiza a adaptação das marrãs de reposição produzidas localmente e possibilita a customização de alguns critérios de seleção genética e fenotípica.

Esta nova postura em relação ao mercado, aliada a avanços genéticos como a TN70, considerada pelo mercado como a melhor matriz do mundo, resultou, segundo André Costa, em gradativo avanço da Topigs Norsvin no cenário da genética de elite. Em 2015, a empresa detinha 17% de market share na linha fêmea. Hoje, segundo ele, 33% das fêmeas de elite do plantel brasileiro já levam a assinatura genética Topigs Norsvin.

Cenários e troca de experiências

Este Brasil Pork Event, realizado em 12 de setembro, passou a limpo a realidade, os desafios e as oportunidades que se abrem para o setor, além de discutir experiências bem-sucedidas de promoção da carne suína desenvolvidas em outros países. A programação incluiu as palestras técnicas "Perspectivas Econômicas do Setor", com professor Sérgio De Zen, pesquisador do Cepea, "O Agronegócio Brasileiro", com o agrônomo e ex-Ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, "Novos rumos da suinocultura", com Gonçalo Pimpão, Diretor da Topigs Norsvin para Espanha e Portugal, "Data makes pig talk", com o holandês Gerard Weijers.

O programa incluiu ainda a mesa redonda  "Suinocultura brasileira: realidades e oportunidades", com transmissão ao vivo, pela internet. Esta atividade, coordenada pelo jornalista Tobias Ferraz (Canal Rural), contou com a participação de  Marcelo Lopes (ABCS), Valdecir Folador (ACSURS), Valdomiro Ferreira (APCS), Losivânio Luiz De Lorenzi (ACCS), Thiago Bernardino (CEPEA), professor Márcio Duarte (UFV), Wienfried Leh (Grupo Leh's), Matheus Morais ( Suinobras), Roberto Coelho (Grupo Cabo Verde) e Tiago Andrade (Granja Xerez) e Tarcisio Sachetti (Granjas Sachetti).

 

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