20/01/2023 às 09h45min - Atualizada em 20/01/2023 às 09h45min

Após recorde em 2022, ano começa com alta de apreensões de cocaína

Em apenas 20 dias, as forças policiais de Mato Grosso do Sul apreenderam 718,2 kg da droga; em todo o mês de janeiro do ano passado, foram interceptados 414,2 kg deste tipo de entorpecente no Estado

MARIANA MOREIRA
A Polícia Rodoviária Federal e a Denar apreenderam 215,8 kg de cocaína no início da noite de ontem - Gerson Oliveira

Conforme levantamento realizado pelo Correio do Estado com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), após registrar recorde de apreensões em 2022, os 718,2 kg de cocaína interceptados pelas forças de segurança nos primeiros 20 dias deste ano já são superiores a todo o volume apreendido da droga no mês de janeiro do ano passado, 414,2 kg.

De acordo com o coronel e diretor do Departamento de Operações de Fronteira (DOF), Wagner Ferreira da Silva, o investimento financeiro nas forças de segurança proporciona resultados positivos no combate ao tráfico e, principalmente, no monitoramento das rotas de exportação dos entorpecentes.

“Há algum tempo, tivemos um movimento do crime organizado, e a cocaína boliviana que entrava no País por terra passou a chegar por uma rota aérea. Os novos radares de controle aéreo, ao custo de mais de R$ 120 milhões, instalados no Estado em pontos estratégicos, fizeram com que as apreensões aumentassem e muitas cargas e aeronaves fossem interceptadas”, disse o coronel.

Em Mato Grosso do Sul, os dois radares aéreos que foram implantados na região de fronteira com o Paraguai (Ponta Porã e Porto Murtinho) e um na região de fronteira com a Bolívia (Corumbá) fizeram com que o modus operandi das organizações criminosas deixa-se de ser vantajoso, forçando a volta do tráfico para as estradas estaduais.


APREENSÕES RECENTES

Na tarde de ontem, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em parceria com a Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar) apreendeu 215,8 kg de cocaína pura (cloridrato de cocaína) no Rodoanel, entre Campo Grande e Terenos. 

Conforme apurado pelo Correio do Estado, um homem de 20 anos, que não teve a identidade revelada, receberia R$ 10 mil pelo transporte da droga de Ponta Porã, na fronteira do Brasil com o Paraguai, até a Capital. O destino final da droga era São Paulo.

Os entorpecentes estavam escondidos no fundo falso de um caminhão, conforme o delegado-adjunto da Denar, Bruno Santacatharina Carvalho de Lima.

“Essa operação já está em andamento há 15 dias, com as equipes da PRF no interior do Estado realizando o monitoramento. Durante a entrevista, o suspeito entrou em contradição, e ao veículo ser encaminhado para a Denar, localizamos o fundo falso com as drogas”, disse Lima.

De acordo com o delegado, o prejuízo estimado ao crime organizado gira em torno de R$ 10 a R$ 15 milhões.

“O crime tenta ser organizado, mas essa apreensão de hoje é resultado do investimento na inteligência das forças policiais”, reiterou o delegado.

Conforme a Denar, as investigações continuam para localizar os demais membros da quadrilha responsáveis pelo tráfico de cocaína.

No dia 11 deste mês, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Federal (PF) apreenderam 402 kg de cocaína, em Corumbá. As equipes das polícias se deslocavam pela rodovia BR-262, quando houve um acidente.

Motorista de um caminhão Ford F400 colidiu com a lateral do guincho da Polícia Federal. Durante a conversa com o motorista e o passageiro do caminhão, os policiais desconfiaram do nervosismo apresentado pelos dois.

Diante da suspeita, foi realizada uma busca minuciosa no veículo e foi descoberto que havia um fundo falso no caminhão. Neste compartimento, estavam escondidos vários tabletes de cocaína, que totalizaram 402 kg da droga.

O motorista confessou que pegou a carga de entorpecente em Corumbá e que deveria fazer a entrega em Campo Grande. Pelo transporte, ele receberia R$ 100 mil. Já o passageiro disse que apenas pegou carona com o motorista.

Os dois foram presos e encaminhados, com o veículo e a droga, à Polícia Federal em Corumbá. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a cocaína foi avaliada em torno de R$ 72,3 milhões.

No dia 12 de janeiro, o Grupo de Operações e Investigações (GOI) da Polícia Civil apreendeu no Jardim Centro-Oeste em Campo Grande aproximadamente 200 kg de cocaína e pasta base, com um responsável de 18 anos sendo pego em flagrante.

Conforme apurado pelo GOI, o autor do crime foi flagrado no veículo, um utilitário branco, que seria usado para o transporte da droga. Ainda, segundo investigadores do Grupo de Operações, a droga seria proveniente de um consórcio, por conta das embalagens com símbolos e em cores diferentes. 

RECORDE

Conforme os dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em 2022, foram apreendidas 16,4 toneladas de cocaína em Mato Grosso do Sul. O volume interceptado foi o maior em oito anos.

Em um recorte mais preciso, a apreensão de cocaína pelas forças de segurança estaduais em todo o ano de 2021 foi de 8,1 toneladas. No primeiro ano da pandemia de coronavírus, em 2020, a apreensão deste tipo de droga em MS foi a segunda menor, levando em conta dados compilados desde 2015, 4,3 toneladas.

Dados da Sejusp apontam que 5,6 toneladas foram apreendidas em 2019, valor superior as 2,5 toneladas interceptadas em 2018.

Em 2017, as forças de segurança retiraram do mercado ilegal 3,8 toneladas de cocaína. Outras 3,3 toneladas do entorpecente foram interceptadas em 2016. No ano de 2015, as apreensões da droga somaram 6,3 toneladas.

CAPITAL

Dados da Sejusp apontam também o aumento de apreensões de cocaína em Campo Grande. Conforme a Secretaria de Segurança, foram apreendidas 2,5 toneladas da droga em 2021 e 6,1 toneladas em 2022, um crescimento de 97%.

A Capital tem sido um entreposto do tráfico de cocaína vinda da Bolívia e para o delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar), Hoffman D’ávila, os esforços policiais conjuntos conseguem gerar a repressão permanente do crime organizado.

“Campo Grande tem sido rota da cocaína, que depois é pulverizada tanto para a Capital quanto para outras cidades do País. O esforço conjunto das forças policiais têm contribuído para o resultado de grandes apreensões da droga, tanto do Estado como aqui no município”, afirmou o delegado.

Conforme Hoffman, a cocaína que passa por Campo Grande é distribuída para São Paulo, Paraná, Goiás, Mato Grosso, entre outros estados.

O delegado destaca ainda que a droga é cara e um quilo pode custar R$ 25 mil na Capital. “Esse valor duplica quando chega em outras capitais”, explicou o titular da Denar.

O secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, afirma que o aumento de apreensões resulta do investimento em pessoal e qualificação.

“Constantes treinamentos, capacitações e treinamentos, por isso reafirmamos o nosso compromisso de valorizar os nossos homens e mulheres que nos projetam como um dos melhores e mais seguros estados do País”, ressalta o secretário. (Colaborou Glaucea Vaccari, Leo Ribeiro e Alison Silva)

Saiba: Diferentemente da maconha, que é trazida para consumo interno, o DOF avalia que 80% da cocaína que entra no Brasil é para exportação para países da Europa, África e Ásia. O quilo da cocaína no mercado europeu, por exemplo, chega a custar R$ 120 mil. 


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Envie Matéria pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp