27/01/2020 às 10h41min - Atualizada em 27/01/2020 às 10h41min

Por dia, Campo Grande registra mais de um ataque de escorpião

No verão há um aumento no número de animais e, consequentemente, de ataques

FÁBIO ORUÊ
Água sanitária deve ser usada para espantar os animais - Foto: Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado

 

Durante o verão, estação mais quente do ano, é comum o aumento de ataques de escorpião e, com eles, das preocupações dentro das residências, já que crianças e idosos são potenciais vítimas. Em 2019, foram registrados 742 acidentes envolvendo esses animais peçonhentos em Campo Grande. Somente nos primeiros 15 dias de 2020, foram 19 casos registrados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) – uma média de 1,2 casos por dia neste ano. 

Segundo a técnica do Serviço de Controle de Roedores e Animais Peçonhentos e Sinantrópicos (Scraps) do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Capital, Christianne Brandão, neste período – de dezembro a março – há um aumento no número de animais e, consequentemente, de ataques. “No verão há o aumento de ataques porque eles [escorpiões] estão no período de acasalamento, estão se movimentando mais. Por isso há essa proliferação”, disse ela ao Correio do Estado. 
Em dezembro, uma criança de 6 anos foi picada por um animal enquanto brincava no quintal de um vizinho, na véspera de Natal, no Jardim Campo Nobre. A menina chegou ao hospital apenas com 30% do coração funcionando e entrou em coma, segundo médico do Centro Integrado de Vigilância Toxicológica (Civitox), Sandro Benites, que atendeu a vítima no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS). Ela se recuperou do acidente e já teve alta. 

As ocorrências de picadas de escorpião no município tiveram aumento de 46% nos últimos quatro anos, conforme mostram os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Em 2018, foram 688 casos registrados na Capital, a maioria deles no período em que acende o alerta para os cuidados.

Brandão disse que o aumento pode ter alguns fatores, como a mudança climática, já que o calor contribui para a incidência do escorpião e, por outro lado, dificulta a de seus predadores, como os anfíbios, que preferem lugares úmidos e frescos. “Outro motivo é que aqui em Campo Grande, há alguns anos, havia muitos córregos abertos que foram cobertos. Assim, dificultou o acesso dos pássaros, que são outros predadores, a eles [escorpiões]”, explicou. 

Em contrapartida, a rede de esgoto, que cresce cada vez mais, facilitou a entrada dos peçonhentos nas residências, por ralos, buracos de pias e vasos sanitários. “A gente, de certa forma, contribui para a proliferação de insetos [baratas, moscas], que são alimentos e atraem o escorpião”, enfatizou Christianne, que também comentou que o ser humano acaba “expulsando” outros predadores naturais, como roedores, lagartixas e sapos, das casas. “É um ciclo biológico natural em que a gente interfere”, finalizou. 

CUIDADOS 

A técnica do Scraps recomenda, quando alguém encontrar um escorpião em casa e conseguir matá-lo, que o espécime seja levado até o CCZ. “Depois de morto, coloque [o escorpião] em um recipiente com álcool”, disse. Caso aconteça a picada, vá imediatamente a um centro médico, se possível com o escorpião capturado para que seja aplicado o antídoto correto. “Mesmo que não seja possível que uma equipe do CCZ recolha o animal na unidade de saúde, nós vamos depois na residência recolher e fazer uma perícia”, contou Christianne.

A enfermeira Tatiana Sabedra citou que, em caso de picada, não é recomendado o uso de analgésicos. Também não se deve aplicar substâncias (álcool, perfume ou urina), nem cortar, perfurar, amarrar ou fazer torniquete no local.
Para prevenir a entrada de escorpiões em casa, Christianne orientou que seja feita a vedação de ralos e buracos de pias com telas.

RECOMENDAÇÕES

Caso encontre escorpiões: mate-os, coloque-os em um recipiente com álcool e entregue-os no CCZ. Em caso de picada, vá imediatamente a uma unidade de saúde e, se possível, leve o escorpião. Caso seja picado, não use medicamentos, somente o médico pode receitar o antídoto. O ferimento não deve ser cortado ou perfurado.


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