05/05/2023 às 11h25min - Atualizada em 05/05/2023 às 11h25min

Área cultivada mais que dobra e produção de bovinos cai 25%

No intervalo de 18 anos, lavouras passam a ocupar espaços antes destinados à bovinocultura

BÁRBARA CAVALCANTI E SÚZAN BENITES
Rebanho do Estado reduziu em 6,3 milhões de cabeças de gado - MARCELO VICTOR

Mato Grosso do Sul demonstra uma mudança na cadeia produtiva: enquanto a agricultura aumenta, a pecuária diminui. As últimas pesquisas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a área destinada à agricultura deve alcançar quase 7 milhões de hectares, enquanto o rebanho bovino reduziu em 6,38 milhões de cabeças.

O último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) aponta que a área dedicada ao cultivo de soja, milho, cana-de-açúcar e outras culturas deve alcançar 6,97 milhões de hectares neste ano, crescimento de 133% no intervalo de 18 anos – em 2005, o Estado registrava 2,99 milhões de hectares cultivados. 

Ainda de acordo com o IBGE, o setor da pecuária encolheu no mesmo intervalo de 18 anos. Em 2003, Mato Grosso do Sul figurava como maior rebanho do Brasil, com 24,98 milhões de cabeças de gado. Conforme o último levantamento da produção, de 2021, MS ocupa a quinta posição em número de cabeças de gado no País, 18,60 milhões.

CULTURAS

Conforme reportagem do Correio do Estado, já no ano passado, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontavam que somente as áreas de cultivo de soja e milho, as duas principais, tiveram um salto de 2,573 milhões de hectares para 5,695 milhões hectares só em 2022.

No caso do milho, entre 2005 e 2022, a cultura de milho foi de 623 mil hectares para 2,180 milhões de hectares. Já a soja saiu de 1,950 milhão de hectares plantados para 3,515 milhões no mesmo intervalo de tempo.

Segundo o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, Mato Grosso do Sul tem uma expansão agrícola muito forte, incluindo a recuperação de pastagens degradadas com plantio de eucalipto.

“Em 7 anos, nós reduzimos a pastagem em 3,8 milhões de hectares, ou seja, praticamente 4 milhões de hectares da atividade foram para eucalipto ou cana-de-açúcar. O Estado está tendo uma expansão de eucalipto muito forte, a expansão da cana está praticamente estabilizada”, comentou. 
O secretário ainda reforça que a área utilizada para o eucalipto não volta a ter outra atividade além do plantio de árvores. 

“O pasto degradado não permite uma rentabilidade a esse produtor. Para você reformar o pasto, tem algumas alternativas, normalmente passa pela agricultura e, depois, volta a ter pasto de novo. E, também, boa parte dessa pastagem está sendo ocupada pelo eucalipto, que é um caso em que o pasto não volta. Então, nós já estamos com área de 1,5 milhão de hectares para eucalipto onde antigamente era pasto”, detalhou. 

Verruck ainda comenta sobre as áreas arrendadas para fábricas no Estado. “As empresas [de celulose] estão arrendando áreas de pastagens e transformando essas áreas de pastagens em eucalipto. São áreas aptas para a agricultura e que não retornam mais para pastagem, elas vão continuar na agricultura. Em pasto degradado, nós tínhamos 8 milhões de hectares em condições severas de degradação, mas, hoje, são apenas 4 milhões de hectares”, acrescentou. 

FLORESTAS

As áreas de florestas plantadas quase quadruplicaram em um uma década em Mato Grosso do Sul. Dados do relatório anual da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) apontaram que MS saltou de uma área plantada de floresta para uso industrial de mais de 307 mil hectares, em 2009, para 1,141 milhão de hectares, em 2020, uma alta de 270,74% no período, conforme já publicado pelo Correio do Estado.

O presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS), Junior Ramires, disse que o aumento da base florestal se deu com a chegada das indústrias. 
“Face à expansão das fábricas, eu costumo brincar que a preocupação é que as fábricas crescem mais rápido do que as árvores, então, a demanda aumentou bastante. Para produzir, demora sete anos, e isso acaba pressionando os preços, então, para o produtor acaba ficando mais atrativo”, comentou. (Colaborou Alanis Netto)


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