17/05/2023 às 12h20min - Atualizada em 17/05/2023 às 12h20min

Mudança na política de preços da Petrobras trará alívio ao consumidor

Com quarta redução, preço da gasolina pode chegar a R$ 4,82 no Estado nas próximas semanas

BÁRBARA CAVALCANTI
Em MS, o litro da gasolina deve recuar cerca de R$ 0,29 nas bombas, e o do diesel, R$ 0,39 por litro - Foto: Marcelo Victor

O anúncio da nova política de preços da Petrobras sobre a gasolina e o óleo diesel é boa para o bolso do consumidor, conforme avaliam especialistas. Na manhã de ontem, a petrolífera anunciou a mudança em sua estratégia comercial para definição dos preços dos combustíveis, abandonando a paridade de importação (PPI). 

O impacto, de imediato, é um alívio para o bolso do consumidor, segundo opinam economistas, ainda que questões como o novo cálculo de preços futuros tenham ficado em aberto.

"Como efeito imediato, como o presidente da Petrobras já anunciou, vai haver uma forte redução nas refinarias no preço dos combustíveis. A gente já vai ver, a partir de amanhã, uma redução na bomba.

Também vai ter algum impacto nos índices de inflação daqui para frente", explica o administrador Leandro Tortosa. 

"É uma pressão a menos para que o Banco Central mantenha a taxa de juros elevada e uma pressão a mais para que o Banco Central reduza a taxa de juros se isso se confirmar nos próximos índices de inflação", completa. 

O economista Eduardo Gomes corrobora com a teoria de queda dos índices inflacionários. "O que provavelmente ocorrerá é a precificação por rentabilidade, ou instrumentalização da companhia para servir de política de controle inflacionário. O efeito mais provável é a queda nos preços ao consumidor, porém, com diminuição da margem de lucro da companhia", comenta. 

Além de anunciar a mudança na política de preços, a Petrobras anunciou queda de R$ 0,40 por litro da gasolina e de R$ 0,44 por litro do óleo diesel. A partir de hoje, conforme direção do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de MS (Sinpetro-MS), o litro da gasolina eve recuar cerca de R$ 0,29 nas bombas, e o do diesel, R$ 0,39 por litro. 

Atualmente, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a gasolina custa R$ 5,11, e com a redução pode chegar a R$ 4,82. O óleo diesel comum está custando 
R$ 5,52 e pode chegar a R$ 5,13. 

FUTURO INCERTO

Apesar do alívio imediato para o consumidor, os especialistas alertam que os impactos de médio a longo prazo não ficaram claros no anúncio da Petrobras, uma vez que nenhum cálculo específico referente ao novo método de estratégia de preço foi anunciado pela estatal. 

"Com essa estratégia comercial, a Petrobras vai ser mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados com seus concorrentes. Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o País", anunciou o presidente da estatal, Jean Paul Prates, por meio de nota oficial. 

A Petrobras não divulgou detalhes da nova estratégia. Em comunicado, a empresa disse que levará em conta duas coisas para definir seus preços: o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a Petrobras.

A nova política não vai deixar de considerar o preço do petróleo e a cotação do dólar para definir o preço de seus produtos, mas esses fatores não serão os únicos na hora da decisão. Na prática, a estratégia dá mais flexibilidade para a empresa subir ou abaixar o preço.

De acordo com o doutor em economia Michel Constantino, é um assunto que é comentado desde o início da campanha do governo Lula.

"Então, mostra que vai mudar a questão de normalizar os preços, que hoje sofrem com a volatilidade do dólar e do preço do barril internacionalmente. Não está muito claro como isso vai acontecer, então essa dinâmica de atualização de preço vai demorar mais tempo". 

"O que não deixa muito claro também é se vai acumular as reduções e os aumentos e aplicar de uma vez. Isso vai pelo menos deixar mais previsível, dá uma alta previsibilidade ao mercado", comenta o economista. 

Para o economista Marcio Coutinho, o preço tem de ser adequado à capacidade da empresa de gerar resultados, para que a Petrobras consiga pagar seus compromissos, remunerar acionistas e ter novos investimentos. 

"Com essa nova política, saindo da paridade internacional, espera-se que esse novo preço consiga manter a empresa nos mesmos moldes que havia no passado e que também de preferência proporcione alguma redução de custo para o consumidor. Vamos ter de aguardar o que vai acontecer", avalia. 

O economista Eduardo Gomes ainda destaca que subsidiar os combustíveis é uma medida que sempre é bastante contestada.

"Países como Noruega, França e Emirados Árabes têm companhias petroleiras que eventualmente subsidiam preços quando é da vontade dos políticos, e isso por si só nunca foi impacto relevante para a sustentabilidade desses países. Infelizmente, esse não é nosso caso, somos mais frágeis economicamente, e isso impõe um risco na conjuntura macroeconômica", detalha.

PARIDADE

A adoção da política de paridade de importações foi implementada a partir de 2016, durante a gestão do presidente interino Michel Temer. De acordo com Tortosa, a Petrobras levou bastante prejuízo na época da presidente Dilma e o mercado começou a achar sempre ruim quando o governo tentava fazer qualquer tipo de intervenção nos preços. 

"Tanto que, quando o presidente Bolsonaro foi eleito, ele tentou controlar os preços dos combustíveis e não conseguiu, ele teve que trocar várias vezes o presidente da Petrobras, trocou em poucos meses três ou quatro vezes os presidentes da companhia, e isso o deixou muito mal para o mercado", contextualiza o administrador. 

Após o anúncio da Petrobras, da alteração da estratégia de definição dos preços da gasolina e do diesel, os papéis da estatal saltaram 2,5%, figurando entre as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira. No fim do dia, a PETR4 subiu 2,49% e a PETR3 teve alta de 2,24%, ambas nas maiores altas do dia. (Colaborou Súzan Benites)


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