02/06/2023 às 10h38min - Atualizada em 02/06/2023 às 10h38min

Agropecuária em crescimento puxa alta do PIB estadual e do País

Exportações recordes, investimentos em ascensão e produção de soja, milho, cana-de-açúcar e eucalipto devem fazer Mato Grosso do Sul crescer 5,5% em 2023, acima da média nacional

SÚZAN BENITES
Safra de soja 2022/2023 em Mato Grosso do Sul foi a maior da história, com 15 milhões de toneladas - Foto: Gerson Oliveira

O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no País, cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com os últimos três meses do ano passado.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado foi puxado, principalmente, pelo crescimento de 21,6% da agropecuária, maior alta para o setor desde o quarto trimestre de 1996. 

Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, a economia brasileira avançou 4%, somando R$ 2,6 trilhões. O PIB acumula alta de 3,3% no período de 12 meses. Em Mato Grosso do Sul, a expectativa é de um desempenho ainda maior. 

Apesar de os números do IBGE não terem recorte regional, a perspectiva local acompanha o cenário nacional. De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, Mato Grosso do Sul está em uma situação parecida.

“Estamos tendo recorde de exportação tanto de soja quanto de milho. Esse é um primeiro ponto positivo, porque a exportação tem um componente importante no nosso PIB estadual”, analisa.

As exportações de Mato Grosso do Sul fecharam o primeiro trimestre de 2023 com um acumulado de US$ 2 bilhões, impulsionadas pelas vendas externas de soja e seus subprodutos, de celulose, milho e de carne bovina e de aves.

O superavit na balança comercial sul-mato-grossense no período alcançou US$ 1,251 bilhão, valor 3,76% superior ao verificado no primeiro trimestre de 2022. 

PRODUÇÃO

Outro ponto destacado pelo secretário é o aumento da produção no setor primário, como a safra de soja registrando recorde e boas projeções para milho e eucalipto.

“Temos uma supersafra de soja, batemos 15 milhões de toneladas com 4 milhões de hectares plantados, permitindo que tenhamos uma movimentação econômica elevada. Fora o milho, cujas condições climáticas têm se apresentado adequadas. Outras atividades, como avicultura, também mantêm o nível da atividade. E ainda o crescimento do eucalipto, da suinocultura e da cana-de-açúcar”, detalha Verruck ao Correio do Estado. 

O administrador Leandro Tortosa ainda destaca que a produção agrícola tem projeção recorde para este ano. “A previsão é de que MS produza mais de 70 milhões de toneladas de produtos agrícolas este ano, uma alta de aproximadamente 10,5%. Ou seja, MS também deve ir no mesmo caminho do País”.

O mestre em Economia Eugênio Pavão reforça que Mato Grosso do Sul, além da forte presença na produção, hoje também se destaca com grandes investimentos na agroindustrialização.

“A atração de investimentos grandiosos no setor florestal consolida a internacionalização do PIB de MS. Então, temos uma economia agroexportadora e pujante”.

Verruck aponta ainda que, além dos investimentos bilionários no setor florestal, o investimento público também movimenta a riqueza estadual.

“Mato Grosso do Sul continua sendo líder nacional em investimento público per capita e continua tendo uma carteira de investimento privado significativo, que tem movimentado a economia”. 

ANUAL

Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, Mato Grosso do Sul deve crescer acima da taxa nacional. O Banco Central projeta que todas as riquezas brasileiras cresçam 1,23% até o fim deste ano. Já o governo federal aponta uma média de 1,9% para os 12 meses de 2023. 

“Mantivemos aquele posicionamento de que Mato Grosso do Sul pode, ainda neste ano, ter um crescimento fora da média nacional. Até o momento, nossa expectativa de crescimento do PIB é na ordem de 4,5% a 5,5% em Mato Grosso do Sul. Quer dizer bastante acima do que está previsto na média nacional”, finaliza o titular da Semadesc, Jaime Verruck.

O economista Eugênio Pavão ainda frisa que o agronegócio segue em crescimento há alguns anos. Durante o período da pandemia de Covid-19, por exemplo, o setor foi o único que se manteve em ascensão tanto no Estado quanto no País. 

“A ocupação da fronteira agrícola com grãos e florestas faz explodir o PIB do Centro-Oeste, com crescimento acima da média nacional”, conclui.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS), disse, em entrevista ao Estadão, que o Brasil pode crescer mais de 2% em 2023. “Mesmo se nada acontecer, o Brasil crescerá mais de 2% neste ano”. 

Tebet avaliou que há projeções de mercado “conservadoras” apontando crescimento de 1,3% do PIB no ano, mas esse resultado pode chegar a 2,3%. 

Segundo os dados do IBGE, além da agropecuária, os serviços também tiveram crescimento, de 0,6%, no período, principalmente nas atividades de transportes e financeiras, ambas com alta de 1,2%.

A indústria teve variação negativa de 0,1% no período, o que representa estabilidade. No setor externo, as exportações de bens e serviços caíram 0,4% e as importações recuaram 7,1%, contribuindo positivamente para o PIB. 

“Com todas as limitações, apesar da alta taxa de juros, da necessidade da reforma tributária e de o arcabouço ainda não ter saído, há uma confiança do mercado que se reflete nos números”, afirmou Tebet.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou em sua rede social que “resultados comprovam que nosso País já está melhorando. E vamos seguir trabalhando para distribuir esse crescimento com o povo brasileiro”.

De acordo com analistas, a alta do PIB, o desempenho do mercado de trabalho e o recuo da inflação devem fazer com que a taxa básica de juros, a Selic, também arrefeça. A taxa tem se mantido a 13,75% ao ano desde setembro de 2022 e, com a queda dos juros, a tendência é de aumento do consumo e giro econômico.


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