30/06/2023 às 09h01min - Atualizada em 30/06/2023 às 09h01min

Censo mostra que a população de Mato Grosso do Sul cresceu abaixo do esperado

Levantamento é realizado em MS desde antes da divisão do Estado; crescimento nos últimos 12 anos foi de apenas 12,5%

Campo Grande teve um aumento de 111 mil habitantes, menor do que a estimativa feita em 2022 - GERSON OLIVEIRA

De acordo com os primeiros dados do Censo Demográfico 2022, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mato Grosso do Sul teve um aumento de 12,5% na população e chegou a 2.756.700 habitantes. O número, porém, é menor do que a projeção feita no ano passado. 

A prévia do Censo, divulgada no fim de 2022, era de um ganho de mais de 384.401 habitantes, mas esse crescimento foi de apenas 307.676 pessoas nos últimos 12 anos. A última pesquisa foi realizada em 2010. 
Apesar do crescimento, o ritmo desse aumento desacelerou. A evolução populacional em Mato Grosso do Sul é estudada desde 1940, 37 anos antes da divisão do Estado. 

No primeiro Censo, 238.640 habitantes viviam no que hoje conhecemos como Mato Grosso do Sul, em 1950, o aumento não foi significante, totalizando 309.395 moradores no Estado. 
Pouco antes da divisão, em 1960, MS registrou 579.652 habitantes, e na década de 1970 alcançou pouco mais de 1 milhão de habitantes. 

Nos anos seguintes, o crescimento porcentual ficou acima dos atuais 12,5% relatados no Censo de 2022, quando o Estado saltou de 2.449.024 habitantes para 2.756.700. 

O ritmo menor de crescimento acompanha a tendência nacional. Mesmo assim, Mato Grosso do Sul tem a 7ª maior taxa de crescimento médio anual dos estados brasileiros, com 0,99% de avanço, enquanto a média brasileira foi de 0,52%. 

O Estado aumentou de 1,3% para 1,4% a participação populacional de MS em relação à população brasileira, acompanhando o crescimento da Região Centro-Oeste, que mostrou a maior taxa média de 1,2% de crescimento demográfico nos últimos 12 anos. 

Uma evolução menor do que a esperada também é uma realidade para Campo Grande. A Capital do Estado passou de 786.797 habitantes para 897.938, enquanto era estimado um salto para 942.140 moradores. 

ANÁLISE

Segundo o sociólogo e historiador Paulo Cabral, apesar de a Capital não ter atingido o estimado nem ter alcançado 1 milhão de habitantes, “não há nada de excepcional nisso”. 

O Brasil também ficou com índice populacional abaixo da estimativa do IBGE. O País alcançou 203.062.512 habitantes, um aumento de 6,5% em comparação com os dados de 2010, sendo 4,7 milhões a menos que as projeções do órgão divulgadas em dezembro do ano passado. 

Cabral relata que uma das mudanças significativas que impactam a densidade demográfica é a acessibilidade de métodos contraceptivos para as mulheres. 

“A mulher está podendo mandar no seu corpo, então ela só terá filhos se quiser e quantos quiser. Dentro dessa circunstância, elas atualmente não repõem a população, elas têm menos filhos do que a reposição da população e isso pode ser um problema sério”, comenta o sociólogo. 

Cabral alerta que, apesar de não terem sido divulgados dados a respeito da faixa etária populacional, a preocupação com o envelhecimento dos brasileiros deve ser algo atual, em razão dos custos dos idosos. 
“Já estamos na transição demográfica, a parcela de 20 anos, há 50 anos, era metade da população”, informa Cabral. 

NÃO REPONDERAM 

O historiador também aponta uma mudança no ato de receber e responder ao Censo. Em 1970, segundo Paulo, a população aceitava atender os agentes, mas atualmente isso mudou bastante. 

O relato segue os dados levantados pelo IBGE, no qual Mato Grosso do Sul ocupa uma das maiores taxas de não resposta do País, com 4,21%. 

A taxa do Brasil ficou em 4,24%. Esse alto índice foi puxado principalmente por São Paulo, que foi o estado com maior número de recusas, sendo 8,12% de média. 

Entre os possíveis motivos elencados para as não respostas ao Censo, o coordenador Fernando Gallina relata que os condomínios e muitas obras verticais nas cidades acabaram dificultando o acesso dos agentes aos moradores. 

No entanto, o IBGE possui uma técnica para imputar os dados desses moradores que não foram encontrados para responderem à pesquisa. 

“No domicílio onde se sabe que havia morador, mas não foi possível encontrá-lo, são imputados dados semelhantes aos dos domicílios de mesmas características pertencentes à mesma região”, explica.

Ao todo, em Mato Grosso do Sul, 2.649.331 habitantes tiveram a pesquisa coletada, enquanto 107.369 pessoas tiveram de ser baseadas em dados imputáveis, resultando nos 2.756.700 moradores. 
O instituto informa que essa técnica é usada em pesquisas domiciliares amostrais em todo o mundo. 

MAIS RECEPTIVOS

Dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, Sete Quedas é o único em que todos os domicílios responderam ao questionário do Censo Demográfico.

De acordo com o IBGE, a taxa de não resposta no município é de 0,00%. Isso significa que todos os 3.668 domicílios visitados responderam ao formulário.

Em seguida, Japorã aparece em segundo lugar, com 0,16% de taxa de não resposta. Das 2.492 residências visitadas, quatro não concederam entrevista.

Aral Moreira ocupa o terceiro lugar no ranking de menores taxas de não resposta, com 0,27%. Dos 3.370 domicílios visitados, nove não responderam ao questionário.

Campo Grande, com 5,46% de não resposta, é o município de Mato Grosso do Sul com a maior taxa. Das 325.750 residências visitadas, 17.794 não concederam entrevista. (Colaborou Naiara Camargo)


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