11/02/2020 às 08h56min - Atualizada em 11/02/2020 às 08h56min

Na Ceasa, fornecedores preveem queda na qualidade e alta nos preços

Fornecedores tratam situação como princípio de desabastecimento; estoque de hortaliças e frutas é o mais prejudicado

Anahi Zurutuza e Clayton Neves
Fornecedores fazem "limpa" em caminhões com produtos, mas maior parte das encomendas de frutas e hortaliças não chegaram, segundo comerciantes (Foto: Henrique Kawaminami)

A chuva que alagou ruas e interditou vias em São Paulo (SP) e região já mostrou seus efeitos em Mato Grosso do Sul. Na Ceasa (Central de Abastecimento) em Campo Grande, compradores já sentiram a queda na qualidade dos produtos e fornecedores preveem alta nos preços.

A maioria dos comerciantes recebe as cargas as terças, quintas e sábados, vindas da Ceagesp (Companhia Entreposto e Armazéns Gerais de São Paulo), que foi tomada por enxurrada nessa segunda-feira (11). Segundo o Sincomat (Sindicato do Comércio Atacadista de Hortifrutigranjeiros e Pescados), que representa os fornecedores da capital paulista, toda mercadoria foi perdida.

Na Ceasa da Capital, a situação é tratada como princípio de desabastecimento. Os comerciantes ainda trabalham com o que armazenaram no sábado passado e tentam trazer produtos de hortes e produtores de outros estados, mas é quase certo, dizem, que será difícil manter os preços, mesmo que o abastecimento normalize na próxima quinta-feira.

 

Consumidor pega abóbora em caminhão quase vazio (Foto: Henrique Kawaminami)

Consumidor pega abóbora em caminhão quase vazio (Foto: Henrique Kawaminami)

Consumidor pega abóbora em caminhão quase vazio (Foto: Henrique Kawaminami)

“Estávamos esperando um caminhão cheio, com 15 toneladas de frutas, e não veio”, conta Alexandre Lindolfo, de 43 anos, vendedor de uma banca de frutas. Ele ainda tem produtos para comercializar, mas diz que as vendas já estão prejudicadas, “porque 90% do que vendemos aqui [no box onde trabalha], vem de São Paulo”. Maçã e pera são as frutas em falta.

Alexandre explica ainda que venda para mercados e sacolões do interior – São Gabriel do Oeste, Chapadão do Sul e Aquidauana. Ele acredita que estes clientes serão os mais prejudicados. “É um prejuízo total e com certeza o preço vai aumentar para o consumidor”.

O abastecimento de hortaliças também já foi comprometido. Weny Araujo dos Santos, gerente comercial de outro box, com experiência de 20 anos na Ceasa, calcula redução de 50% no volume de vendas das folhagens. “Tenho em estoque, mas já não está tão bonito. Falta alface, acelga, repolho, salsinha. Hoje ainda não está em desabastecimento, mas não dá pra saber como será daqui para frente”.

Ele explica que a produção tem ciclos. Cada época do ano, um estado diferente abastece a Ceasa com as hortaliças e que atualmente, era a vez de São Paulo. “Tem gente que traz do Paraná, Bahia. Tem gente que pode providenciar em outros estados, só que fica mais caro, porque vem de outra rota. Existem outros polos produtivos, mas assim de última hora, cobram mais caro para trazer”, completa Weny. As encomendas de "fora da rota" só devem ser feitas se caminhõe sa não vieram de São Paulo na quinta.

Dono de um mercado no Bairro Guanandi, Marcos Alves Correa, de 39 anos, atravessa a cidade – a Ceasa fica na região oposta ao bairro do comércio – para comprar os produtos que revende no sacolão. Mas, nesta terça-feira, não gostou do que encontrou. “Vim comprar alface e não está muito bom. Queria levar três caixas de tomates, mas não encontrei onde queria. No mercado, vai ter de ser o que sobrou. Se não normalizar, aí está todo mundo enrolado”.


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