12/02/2020 às 08h56min - Atualizada em 12/02/2020 às 08h56min

Para prevenir reincidência na violência doméstica, projeto da Agepen vai tratar agressores

Para prevenir reincidência na violência doméstica, projeto da Agepen vai tratar agressores

Como forma de contribuir para a quebra do ciclo da violência doméstica e colaborar com a mudança de visão e comportamento do agressor, a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) acaba de lançar o projeto “Um Olhar Além da Vítima”. O grupo reflexivo é voltado a homens autores de agressão que estão sendo monitorados por meio de tornozeleira eletrônica e se encontram em cumprimento de medidas protetivas de urgência. 

Desenvolvido pela equipe multidisciplinar da Unidade Mista de Monitoramento Virtual Estadual (UMMVE), sob coordenação da direção, o trabalho conta com o apoio do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica.

Segundo Teixeira, a ideia nasceu da necessidade de trabalhar o agressor para que ele não volte a reincidir

Conforme o diretor da UMMVE, Ricardo Teixeira de Brito, a ideia nasceu de um sonho e de uma necessidade de trabalhar o agressor para que ele não volte a reincidir. “A partir de uma palestra com a juíza Jacqueline Machado, abriu caminho para que pudéssemos desenvolver nosso projeto em parceria com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, porque vamos aplicar uma metodologia que dá certo. Se salvarmos uma vítima, nós já estamos atingindo nosso propósito”, destacou.

O grupo será conduzido a partir do modelo já estruturado pelo Tribunal de Justiça e utilizado no projeto “Dialogando Igualdades”. Segundo a coordenadora Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, juíza Helena Alice Machado Coelho, somente em Campo Grande, 40% das denúncias oferecidas pelo Ministério Público se referem à violência doméstica. Além disso, cerca de 80% dos agressores são reincidentes.

“Esses dados colocam a sociedade diante de grandes desafios de como enfrentar, combater, e quem sabe, erradicar a violência doméstica. A Agepen tem enfrentado esse desafio e tem realizado um grande trabalho quando se trata de monitoração eletrônica, que é ao meu ver, um meio muito eficaz e eficiente em casos como esses”, afirmou a magistrada, se colocando à disposição para novas parcerias.

Juíza Helena Machado elogiou o trabalho da Agepen e destacou a eficácia da monitoração eletrônica

Presente no evento, a subsecretária Municipal de Políticas Públicas para a Mulher, Carla Stephanini, fez questão de elogiar o trabalho desenvolvido pela agência penitenciária como um todo, que é tido como referência nacional. “E estamos agora observando aqui o cumprimento da Lei Maria da Penha, a qual prevê essa reeducação do agressor. Com projetos como esse, dentro de uma política pública adequada, vamos sim contribuir para a redução significativa da violência contra as mulheres”, parabenizou.

O diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, reforçou que a instituição está sempre em busca de parcerias e convênios para o desenvolvimento de ações que evitem a reincidência criminal, impactando diretamente na segurança de toda a população. “Somado a isso está o trabalho de nossos servidores, sempre com novas ideias e dedicação que fazem a diferença, como pode ser demonstrado nessa iniciativa”, elogiou.

Na oportunidade, também foi feita a abertura oficial do 3º Curso de Monitoração Eletrônica, que será desenvolvido durante esta semana aos servidores lotados na UMMVE. O evento contou ainda, com a presença de autoridades que atuam na área de execução penal como o juiz da Vara de Execução Penal do Interior (Vepin), Luiz Felipe Medeiros Vieira; o defensor público Pedro Paulo Gasparini; e as promotoras de justiça Renata Ruth Goya Marinho e Camila Augusta Calarge Doreto; além de servidores penitenciários e da Coordenaria da Mulher em Situação de Violência Doméstica.

Assim como na Unidade Mista de Monitoramento Virtual, um trabalho semelhante com agressores é realizado no Centro de Triagem “Anísio Lima”, unidade de Campo Grande que abriga o maior número de custodiados presos em regime fechado pela Lei Maria da Penha. O projeto “Por Respeito à Igualdade” também se baseia na ação da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica do Tribunal de Justiça.

Autoridades ligadas à execução penal e ao combate à violência doméstica prestigiaram o evento

Texto: Tatyane Santinoni e Keila Oliveira

Fotos: Tatyane Santinoni.


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