Imagem feita na noite desta terça-feira na BR-262, entre a cidde de Miranda e o chamado Buraco das Piranhas, no Pantanal de Corumbá, mostra as dimensões de um incêndio que avança desde o último sábado pelo Pantanal e que nesta quarta-feira (15) continuava fora de controle. Segundo um morador da região, tudo começou após uma espécie de explosão em um transformador da rede de energia.
O vídeo, postado nas redes sociais do Instituto do Homem Pantaneiro, foi feito na noite desta terça-feira (14) por um motorista que seguia pela rodovia no sentido Corumbá a Miranda e mostra duas viaturas da Polícia Rodoviária Federal monitorando a região, mas sem interromperem o tráfego.
Segundo Lucas da Silva Valter, pescador que mora no Passo do Lontra, o fogo começou no último sábado, depois de um curto-circuito em um transformador da rede de energia elétrica. Toda a região ficou sem abastecimento até a manhã desta quarta-feira (15), quando o serviço foi restabelecido, segundo ele.
E, depois que o fogo começou, pelo menos dez volutários, todos com cursos de combate a incêndios e com equipamentos como abafadores e assopradores, conseguiram evitar que as chamas atingissem as cerca de 25 residências e os quatro hotéis do local.
De acordo com Lucas, o fogo chegou a poucos metros das residências e se não fosse a atuação rápida e o treinamento dos voluntários, tudo teria sido destruído. A situação foi tão assustadora, segundo ele, que nem tempo para fazer alguma imagem teve.
Mas apesar do esforço, não conseguiram acabar com o fogo, que ultrapassou o Rio Miranda e desde então já percorreu cerca de 20 quilômetros rumo à cidade de Miranda, inclusive atingindo as margens da BR-262, onde foram feitas as imagens da noite desta terça-feira (14).
O fogo também destruiu dezenas de quilômetros de vegetação ao longo das margens da chamada Estrada Parque, transformando a região em cenário semelhante ao registrado em 2020. Essa Estrada Parque é percorrida todos os anos por milhares de turistas que visitam o Pantanal, principalmente pelos estrangeiros.
A diferença é que naquele ano o fogo se alastrou em agosto e setembro, período tradicionalmente de estiagem. Em novembro, normalmente, as chuvas já transformaram a região e o risco de incêndios está descartado.
De acordo com Lucas Valter, que diz ter presenciado o curto-circuito no transformador, bombeiros chegaram à região cerca de seis horas depois do começo do fogo, mas tudo o que conseguiram fazer foi fazer algumas barreiras e evitar que atinja imóveis de fazendas da região.
Dezenas de brigadistas e voluntários estão nesta quarta-feira na região combatendo o foco. Porém, por causa do vento, a baixa umidade do ar e do forte calor, o fogo continua fora de controle, de acordo com Lucas.
Ainda de acordo com o pescador, a explosão do transformador no último sábado foi o segundo caso semelhante no Passo do Lontra. Quatro dias antes, outro equipamento explodiu e causou um incêndio no Parque Hotel Passo do Lontra. Naquele dia, o fogo foi controlado tanto no hotel quando na vegetação do entorno.
Nesta terça-feira, Corumbá registrou 43,3 graus, a mais alta temperatura do do dia no País. Foi a segunda maior temperatura do ano no Estado, ficando atrás somente dos 43,4 graus do dia 17 de outubro em Porto Murtinho.
E, por conta desta queimada, o Governo do Estado decretou situação de emergência nesta terça-feira nos municípios de Corumbá, Ladário, Porto Murtinho, Miranda e Aquidauana.
Segundo o Governo estadual, houve aumento de 95,8% na área queimada do Pantanal, em relação ao mesmo período do ano passado, sendo a maioria em Corumbá (74,8%), seguido por Aquidauana (12,8%) e Porto Murtinho (10%).
O parecer técnico da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil relata que a ocorrência desses focos de incêndio é favorável à declaração da situação de emergência. Desta forma, foi decretado a emergência pelo prazo de 90 dias nos cinco municípios.
Com o decreto, o governo fica autorizado a dispensar licitação para contratos de aquisição de bens necessários a atividades de resposta de eventuais desastres, prestação de serviços e obras relacionadas.
Também fica autorizada a mobilização de todos os órgãos estaduais para atuarem, sob a coordenação da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, nas ações de resposta ao desastre, reabilitação
do cenário e reconstrução.
Além disso, poderá ser feita a convocação de voluntários, para reforçar as ações de resposta ao desastre e
a realização de campanhas de arrecadação de recursos perante a comunidade.
Em caso de algum risco iminente, as autoridades administrativas e agentes de defesa civil responsáveis pelas ações de resposta aos desastres poderão adentrar nas casas, para prestar socorro ou para determinar a pronta evacuação e usar de propriedade particular, no caso de iminente perigo público, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.