16/01/2024 às 08h56min - Atualizada em 16/01/2024 às 08h56min

Mais tropas de MS seguem para reforçar a fronteira do Brasil com a Venezuela e Guiana

No dia 13 de janeiro, na terceira fase da operação Roraima, 101 viaturas e mais de 200 militares partiram rumo a Roraima para reforçar a segurança e auxiliar na criação de um novo regimento em Bela Vista (RR)

O governo brasileiro reforçou a presença de militares do exército em Pacaraima - Divulgação CMO

O Comando Militar do Oeste (CMO) enviou 101 viaturas e mais de 200 militares, na terceira fase da operação que visa reforçar a fronteira do Brasil com a Venezuela em Roraima. O comboio irá passar pelos Estados do Mato Grosso, Rondônia, Amazonas até Bela Vista (RR). 

O deslocamento teve início no dia 13 de janeiro, com o Esquadrão de Cavalaria Mecanizado e percorrerá cerca de 2.500 km terrestres e ainda trechos fluviais de mais de 1.200 km com destino a região Norte do país.

Operação Roraima

Em virtude da Venezuela ter realizado um plebiscito em que a maioria da população votou favorável a anexação da Guiana, a tensão região aumentou. O governo brasileiro reforçou a presença de militares do exército em Pacaraima. 

Nesta nova fase ocorrerá exercício de concentração estratégica das Forças de Prontidão, denominada como Operação Roraima, em que além de reestruturar a  1ª Brigada de Infantaria de Selva será criado o 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado, em Boa Vista (RR).

"Todas as atividades seguem um cronograma já estabelecido pelo Exército Brasileiro e tem por finalidade a defesa da Pátria, especialmente na região da fronteira", informou o CMO.

Deslocamento

O 18º Batalhão de Transporte, do 9º Grupamento Logístico, está a frente do transporte das 101 viaturas e mais de 200 militares que seguem para Bela Vista nesta terceira fase da operação.

Divulgação CMO

Sendo que a primeira fase ocorreu na última sexta-feira (12) no 20º Regimento de Cavalaria Blindado, em Campo Grande. O comboio será composto por 89 viaturas, sendo 28 blindados, 14 Guaicurus, 8 Guaranis, 6 Cascavéis e outras que atuam como apoio e escolta. 

A viatura blindada Guarani, de transporte de pessoal, é anfíbia, tem capacidade para transportar até 11 militares e tem proteção antiminas, sob as rodas, couraça e assentos individuais, e proteção balística composta de blindagem contra tiros de 7,62 mm e estilhaços de granadas de artilharia de 155 mm. A viatura tem peso bruto de 14,7 toneladas, motor blindado com potência de 383 cavalos e atinge uma velocidade máxima de até 100 km/h.

Já o Guaicuru, viatura blindada multitarefa leve sobre rodas (VBMT-LSR) 4X4 LMV-BR, foi batizado com este nome em homenagem à tribo do sudoeste de Mato Grosso do Sul que auxiliou o Brasil a derrotar o Paraguai na guerra contra o país vizinho, há pouco mais de um século e meio. 

Crise 

Nicolás Maduro, que governa a Venezuela há praticamente uma década, teme não ser reeleito em 2024. Ele enfrenta o descontentamento de uma parte significativa da população. Dessa forma, o plebiscito (no qual 10,5 milhões de eleitores, de um total de 20,7 milhões, disseram sim) e a ideia de anexar uma parte do território da Guiana mobilizaria o povo, acenderia sentimentos patrióticos – tal qual aconteceu na Argentina – e tiraria da frente os problemas do país, que só não está pior por que o governo dos Estados Unidos suspendeu temporariamente as sanções ao petróleo, ao gás e ao ouro venezuelanos.

A medida foi anunciada pelo Departamento do Tesouro americano, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia e em resposta ao acordo alcançado pelo governo de Nicolás Maduro com a oposição, que estabeleceria garantias eleitorais tendo em vista as eleições presidenciais de 2024. No entanto, pode ser uma das primeiras garantias a cair e as consequências econômicas e diplomáticas não serão poucas, caso Maduro insista no despautério de invadir um país vizinho, desestabilizando a geopolítica da região.

Apenas por causa das ameaças, o governo da Guiana já busca estreitar sua cooperação na área de segurança com os Estados Unidos. E esse é outro temor dos militares brasileiros: que americanos instalem uma base militar na região. 

“Isso poderia causar um desequilíbrio na segurança do continente. Seria uma força externa aqui, na nossa fronteira”, explica um desses militares. E, em um hipotético ataque venezuelano, não há dúvidas de que os Estados Unidos socorreriam o aliado na América do Sul.

Além da ExxonMobil, que descobriu petróleo em águas que estão na disputa, muitas outras empresas norte-americanas estão atuando na região que, até 2028, poderá chegar a produzir 1,2 milhão de barris por dia. Com essa produção, o país se tornaria um dos 20 principais produtores de petróleo do mundo.

Essequibo, que a Venezuela reivindica, representa dois terços do território da Guiana, uma área de quase 160 mil quilômetros quadrados que é razão de uma disputa histórica entre os dois países há séculos. A região é rica em recursos naturais e fez com que o país se tornasse atualmente o que mais cresce na região.

Hoje, a Guiana, um país com 800 mil habitantes, tem as maiores reservas de petróleo per capita. Já a Venezuela tem as maiores reservas absolutas, embora sua capacidade de produção, por causa do colapso da estatal PDVSA, tenha diminuído de 3,4 milhões de barris por dia para 700 mil barris por dia.

 

** Colaborou Eduardo Miranda


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