17/04/2024 às 10h18min - Atualizada em 17/04/2024 às 10h18min

Troca na Polícia Civil é "freio de arrumação" na Segurança Pública

Em meio à crise na Polícia Civil, e as críticas sobre sua atuação no combate ao jogo do bicho, Roberto Guergel deixa a Delegacia-Geral e e será substituído por Lupersio Degerone Lúcio na instituição

EDUARDO MIRANDA
Roberto Gurgel, ex-delegado geral da Polícia Civil, terá cargo na Secretaria de Administração - Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

A troca na direção da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, confirmada ontem pelo governo do Estado, é a primeiro “freio de arrumação” na segurança pública local, depois de uma crise de bastidores no setor. Desde ontem, o delegado-geral da instituição passa a ser Lupersio Degerone Lucio, em substituição a Roberto Gurgel de Oliveira Filho. 

A “promoção” de Gurgel, que assumirá o cargo de adjunto da Secretaria de Administração (SAD), também tira qualquer especulação de queda do chefe da Polícia Civil, e ainda evita que ele volte a conviver neste período, com seus pares na instituição. 

Correio do Estado apurou que mais trocas estão para acontecer na Polícia Civil nos próximos dias, e que a baixa abrangência de algumas investigações, como a Operação Sucessione, levada adiante em um primeiro momento pelo Garras, a Delegacia Especializada de Repressão a Assaltos e Sequestros (Garras), e depois transferida para o Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) pesou na decisão para a troca de diretor da Polícia Civil. O motivo? É que o inquérito, pelo menos até a parte que foi tornada pública até então, combateu apenas um dos grupos que disputa o controle do jogo do bicho em Campo Grande. 

A Operação Sucessione chegou ao deputado estadual Neno Razuk (PL). Nos bastidores, as provas coletadas pelo Gaeco e Garras não foram questionadas, mas integrantes do setor da segurança pública, e mesmo membros de outros poderes, como Legislativo e Judiciário, questionaram os motivos de a operação não combater o outro grupo que estaria operando o jogo do bicho na Capital. 

O Garras, inclusive, é uma das delegacias que poderão sofrer trocas nos próximos dias ou meses. A equipe que ainda é mantida no Garras é a mesma que desencadeou a Operação Omertá, que pôs abaixo um esquema de execuções, uso de armas de grosso calibre ilegais, e de lavagem de dinheiro envolvendo uma família ligada ao jogo do bicho na cidade. A disputa pelo controle de Campo Grande investigada na Operação Sucessione, inclusive, é consequência da Omertá. 

Além dos questionamentos da Polícia Civil sobre sua atuação contra o jogo do bicho em Campo Grande, também teria pesado na decisão do governo do Estado o clima ruim entre a cúpula desta instituição com o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira. 

Uma fonte do Correio do Estado, que pediu para manter o anonimato, e é ligada à Segurança Pública, informou que a próxima força a ter um “freio de arrumação” é a Polícia Militar. Lá, os problemas são menores que na Polícia Civil, mas eles a resolução deles também passaria por algumas mudanças no comando. 

HISTÓRICO

Vale lembrar que Gurgel assumiu como delegado-geral após pedido de afastamento de Adriano Garcia Geraldo, que à época participou de um incidente onde perseguiu e atirou contra os pneus de uma esteticista de 24 anos, em plena Avenida mato Grosso, em Campo Grande. 

Já o novo delegado-geral, Lupersio, atuou em alguns casos de destaque, como por exemplo, a situação em que dois médicos “trocaram socos” durante um parto, em que a gestante que presenciou a cena deu à luz m bebê morto. 

Esse caso aconteceu em 22 de fevereiro de 2010, quando às 23h no Hospital Municipal de Ivinhema os médicos, Orozimbo Ruela Oliveira Neto e Sinomar Ricardo, brigaram durante o trabalho de parto da filha de Gislaine de Matos Rodrigues. 

O atestado de óbito constatou que o bebê morreu por “sofrimento fetal agudo e anoxia (falta de oxigênio)” e, à época, o delegado Lupersio Degerone foi quem instaurou inquérito.

SAIBA - Caso DHPP foi a crise mais recente 

A crise mais recente envolvendo a Polícia Civil foi a mudança de diretriz na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Na semana passada, Gurgel convocou a imprensa para informar que todos os casos de homicídio e tentativas de homicídio sem autoria definida para a unidade. Os policiais que atuam na DHPP, não se queixaram da propriamente da medida, mas queixaram-se da falta de estrutura da delegacia para absorver toda a nova demanda. 


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