08/04/2020 às 10h46min - Atualizada em 08/04/2020 às 10h46min

Nove cidades de MS têm 87 respiradores quebrados

Hospital Regional, que é referência no atendimento a pacientes com a Covid-19 no Estado, tem 35 equipamentos no conserto

DAIANY ALBUQUERQUE
Máquinas em avaliação no Senai, que deve receber 70 - Valdenir Rezende/Correio do Estado

O primeiro lote de 87 respiradores velhos que estavam parados em vários hospitais públicos de nove municípios de Mato Grosso do Sul já estão no Instituto Federal (IFMS) e no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Campo Grande.

Alguns equipamentos passaram por conserto, serão calibrados e em seguida voltam aos hospitais. Porém, ainda não há previsão de quando os aparelhos começam a funcionar novamente. Isso porque a calibragem que é essencial para a atividade dos respiradores não tem previsão de ser feita.

De acordo com o professor de Eletrotécnica do IFMS, Fernando Guimarães, em dois dias a equipe conseguiu recuperar seis equipamentos dos 17 recebidos que ainda precisam passar pela calibragem. “Eles voltaram à vida, mas a gente não sabe se vai ser possível calibrar todos ”, reforçou. Essa parte é feita pela empresa Engetec, especializada no setor e que tem uma parceria com o Instituto.

Já no Senai, a recuperação dos equipamentos começou ontem, a previsão era de que cinco equipamentos deveriam ser consertados até o fim do dia. A calibragem, porém, ainda não tinha data para acontecer porque a empresa responsável ainda será contratada.

Por dia o Serviço pretende recuperar ou analisar de cinco a dez equipamentos de acordo com o engenheiro de controle e automação, Alonso Simões. No local, 12 pessoas atuam em vários setores.

Dos 70 respiradores previstos para o Senai receber, 31 já chegaram. Primeiro eles são limpos e depois encaminhados para a equipe técnica fazer o diagnóstico. O intuito é saber se o reparo será simples ou precisará de peças, conforme informou o coordenador do programa de manutenção dos respiradores, Thales Maurício Fernandes Saad, gerente do Senai Empresa.

O grupo trabalha das 7h às 19h em contêiners instalados no estacionamento do Senai. A meta é que 50% desses equipamentos possam ser entregues em 15 dias, porém Saad lembrou  que o grupo depende do prazo de entrega de peças quando há necessidade de troca.

A Energisa, concessionária de distribuição de energia, leva os equipamentos do interior para o Senai. Até agora os municípios de Tacuru, Dourados, Naviraí, Jardim, Bonito, Corumbá, Campo Grande e Aquidauana já encaminharam seus respiradores estragados.

Nos próximos dias devem chegar mais 17 máquinas vindas de Dourados e outras 22 de Campo Grande e Três Lagoas.

Da Capital, são 15 vindas do Hospital Regional (HRMS) – que tem total de 35 no conserto – e outras 18  de vários lugares. Já no IFMS todas são do HRMS e estavam paradas por serem muito velhas e apresentarem falhas.

“Tem equipamento que é muito velho quase sucata, nem a fabricante faz mais peças para eles, então o jeito é juntar o que está bom e fazer de três um. Ainda não sabemos quantos vamos conseguir recuperar”, contou o professor do IFMS.

Algumas coisas, porém, como baterias e cabos, os professores e voluntários tem comprado com dinheiro do próprio bolso para tentar colocar os equipamentos na ativa. “Se a gente for esperar verba para comprar vai demorar muito”,  relata Guimarães.

No Instituto, além da falta de peças, a falta de experiência com esses equipamentos é outro desafio. “Nós conhecemos todos os componentes separados, mas eles juntos é a primeira vez que trabalhamos, então temos contado com a ajuda de ex-alunos que trabalham no setor e vem aqui  nos ensinar quando podem”.

Já no Senai, dois engenheiros clínicos colaboram no processo de conserto dos equipamentos. Para detectar o problema é usado um pulmão artificial. “Depende da marca e do fabricante, mas temos coisas mais simples e outras mais complexas. Já teve um que estava só com o fio danificado”, afirmou Simões.

Ainda não há previsão de quando todos os respiradores serão entregues. O uso deles é importante por conta da pandemia da Covid-19, o novo coronavírus, que compromete o funcionamento dos pulmões dos pacientes infectados em alguns casos mais graves. Em Mato Grosso do Sul duas pessoas já morreram por conta da doença.


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