23/04/2020 às 11h11min - Atualizada em 23/04/2020 às 11h11min

Produção de milho deve ser menor na segunda safra em MS

Mesmo com desvalorização da commodity, baixa oferta deve segurar preços

Com o aumento da oferta de milho dos Estados Unidos, por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), houve desvalorização da commodity nos mercados globais. Com a maior oferta, países como o Brasil podem ser afetados com a redução da venda do grão para grandes consumidores, como a China.  

Mato Grosso do Sul não deve sentir o impacto porque, com a redução na produção do grão, os preços devem se manter estáveis.

O Boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), aponta que o plantio do milho já atingiu 100% de cobertura. A área plantada é estimada em 1,944 milhão de hectares, redução de 9,02% em comparação com os dados da safra 2018/2019, quando a área de cobertura atingiu 2,173 milhões de hectares.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, explica que alguns produtores tiveram de reduzir sua área de milho por conta do atraso no plantio da soja.  

“Houve a perda da melhor janela de plantio do milho em razão do atraso da safra de soja. Esse dado já é consolidado, a leitura que se tem em campo é de que os produtores efetivamente plantaram menos do que no ano passado, quando foi registrado o nosso recorde tanto de área quanto de produção. Mas essa tomada de decisão foi importante pelo produtor, porque o melhor potencial produtivo do milho no Estado era com a lavoura implantada até a data limite 10 de março”, contextualiza.  

De acordo com o gerente-técnico da Famasul, José Pádua, a desvalorização do grão no mercado internacional já era esperada. Desde o início da pandemia, houve diminuição na demanda pelo milho, principalmente com a redução do consumo da gasolina, que tem etanol em sua composição.  

“Nos EUA, a maior parte do etanol é produzida a partir do milho, logo, se há menor demanda pelo grão, há pressão para queda de seu preço nos mercados globais. Entretanto, essa movimentação mundial pode não ter grandes reflexos em MS. Por aqui, como os estoques do milho estão menores e a produção da 2ª safra pode ser inferior a anos anteriores, a tendência é de que os preços se mantenham firmes. Além de a oferta do cereal ser menor, grande parte de sua produção permanece no País, sendo absorvida pela indústria de proteínas de bovinos, aves e suínos”, disse Pádua.  

Em Mato Grosso do Sul, a saca de 60 kg de milho teve valorização de 63,88% em relação ao mesmo período do ano passado. Em abril de 2020, a saca é comercializada a uma média de R$ 46,41; em 2019, o cereal havia sido cotado, em média, a R$ 28,32.

CLIMA

O clima pode influenciar na produtividade das lavouras de Mato Grosso do Sul. Na primeira quinzena de abril, o Estado enfrentou a queda de granizo na região Sul. Segundo o departamento técnico da Famasul, os danos foram pontuais nos municípios de Ponta Porã, Aral Moreira e Amambai.

O presidente da Aprosoja ressalta que a Embrapa emitiu um alerta para o setor produtivo no começo do ano. “O alerta emitido em janeiro indicava a possibilidade de geada forte, principalmente na região mais ao sul do Estado, no fim de junho de 2020. Por isso a tomada de decisão de redução da área plantada foi acertada”, reforça Dobashi.  

Quanto à produtividade da safra, Dobashi explica que os dados ainda estão sendo compilados. Os técnicos da Aprosoja não puderam averiguar in loco como vão as plantações, em razão da pandemia. “Na semana que vem, nós devemos ter um diagnóstico mais apurado com relação ao tamanho da área semeada de milho para safra 2019/2020”, disse.


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