04/06/2020 às 10h48min - Atualizada em 04/06/2020 às 10h48min

Número de casos de Covid-19 em MS pode dobrar até sábado

Estado registra 156 testes positivos do novo coronavírus e total já passa de 1,8 mil

Testes para o novo coronavírus são realizados no Laboratório Central do Estado - Foto: Edemir Rodrigues
 

Mato Grosso do Sul deverá ter uma semana de novas altas nos casos do novo coronavírus. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostram que entre terça-feira (2) e ontem foram diagnosticados 156 casos novos da doença – o que faz a semana, de apenas três dias, já acumular 384 episódios. O secretário Geraldo Resende já prevê que até sábado (6) o valor do período será o dobro do registrado na semana passada, quando foram 560 confirmados.

“Com apenas três dias nós já temos 384 casos aqui em Mato Grosso do Sul, e seguramente, até o fim de sábado, quando se encerra essa 23ª semana, nós podemos ter o número dobrado em relação à semana anterior. Isso é muito preocupante”, declarou Resende durante apresentação dos dados da Covid-19.

Com os novos casos, o Estado já contabiliza 1.802 episódios da doença, e a maior parte deles, 378, está em Dourados – a 229 quilômetros de Campo Grande. A Capital, cidade com o maior número de habitantes, tem 329 casos confirmados e é a segunda.

Segundo Resende, essa estimativa de aumento se dá em função da quantidade de casos que ainda não foram contabilizados pelo governo porque os municípios ainda não finalizaram o encaminhamento do paciente no sistema usado pela administração. São 1.806 suspeitos. Desses, apenas 402 ainda não tinham resultado encaminhado pelo Laboratório Central de Mato Grosso do Sul (Lacen-MS); os outros 1.404 já haviam sido enviados aos municípios.

“Para amanhã, já adianto que o número de casos poderá ser maior. Estamos pedindo para as prefeituras o encerramento dos casos. O município precisa fazer esse encerramento para deixar cada vez mais transparente e cada vez mais atualizado os dados de Mato Grosso do Sul. Pedimos que os municípios pudessem fazer um mutirão com a Secretaria de Estado de Saúde para que a gente faça esse encerramento. São testes que já foram realizados”, alertou o secretário.

Em relação às últimas 24 horas, Fátima do Sul puxou os dados do Estado, com 45 conformados. Dourados, onde a forma de contaminação já se tornou comunitária, trouxe mais 39 episódios. 

Na microrregião de Dourados, seis cidades estão entre as 10 com o maior índice de casos confirmados por 100 mil habitantes. O primeiro lugar continua com Guia Lopes da Laguna, com taxa 2.405,3, seguida de Douradina (1.046,6), Vicentina (639,1), Fátima do Sul (599,3), Itaporã (241,6), Bonito (218,4), Dourados (169,5), Rio Brilhante (167,9), Jardim (130,3) e Brasilândia (126,3).

O Estado tem apenas 39 pessoas internadas, das quais uma é residente de Mato Grosso. São 20 em leitos clínicos e 19 em leitos de Unidade de Terapia Intensiva.

Dourados

O avanço rápido dos casos em Dourados preocupa tanto governo do Estado como especialista ouvido pela reportagem. Segundo projeção do infectologista Julio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a cidade teve crescimento de 4.000% no mês de maio e, se mantiver essa média para junho, pode terminar este mês com 15 mil casos.

“Isso é um absurdo, e mesmo que essa taxa de crescimento seja de 1.000%, quatro vezes menor, vai dar 3.750 casos. Se for pensar que 20% desses casos vão para internação, dos 15 mil mais de 2 mil vão precisar de leitos de UTI, ou 250 se crescer 1.000%. É uma velocidade muito rápida, e o sistema de saúde de Dourados vai colapsar. As autoridades precisam tomar uma atitude entre essa semana e a próxima, aumentar as medidas de isolamento. É importante alertar e tomar medidas enquanto há tempo de salvar vidas, porque o impacto dessas decisões demoram de duas a três semanas para surtir efeito, e não adianta tomar medidas quando estiver acabando os leitos”, alertou o médico.

Secretário alerta

“Neste momento, a situação mais preocupante é que Dourados passou a ser o epicentro da doença aqui no Estado. Nós precisamos compartilhar essa preocupação com toda a população de Dourados e região e as autoridades sanitárias locais, com as autoridades administrativas, tendo em vista a necessidade de adotar medidas mais restritivas. Não dá para as pessoas ficarem nas ruas, não dá para as pessoas ficarem em restaurantes e bares das cidades, não dá para as pessoas fazerem aglomeração, seja onde for, achar que a vida está normal. O vírus está aí, ele é perigosíssimo, e pode levar daqui a pouco a um colapso do nosso Sistema Único de Saúde”, declarou Geraldo Resende.


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