10/06/2020 às 12h17min - Atualizada em 11/06/2020 às 00h00min

Estado do Rio de Janeiro registra, em maio, queda nas doações de órgãos por conta da pandemia

Redução no número de transplantes pode colocar pacientes graves em risco

DINO

Com a pandemia do novo coronavírus, o número de doações de órgãos, no mês de maio, diminuiu consideravelmente no estado do Rio de Janeiro, em comparação com o mesmo período no ano passado, o que pode impactar negativamente a perspectiva de cura de muitos pacientes que aguardam por um órgão compatível. A estimativa é que a queda seja em torno de 30%, segundo dados do Programa Estadual de Transplantes (PET). O resultado, no entanto, não reflete o comportamento nos quatro primeiros meses de 2020, quando houve aumento de 26% nas doações no estado em relação ao mesmo período de 2019.

Segundo o dr. Eduardo Fernandes, médico transplantador e especialista em doenças hepáticas do Hospital São Lucas Copacabana, o estado do Rio de Janeiro é destaque no número de transplantes realizados no Brasil, com um aumento expressivo no volume de cirurgias nos últimos cinco anos, o que vem atraindo, inclusive, pacientes de todo o país.

Entre os fatores que levaram à redução de doadores, em maio, estão a diminuição dos traumas - responsáveis por 40% dos transplantes - e as mortes causadas pelo novo coronavírus ou de pacientes que mantiveram contato com pessoas infectadas. Nesses casos, a doação não é autorizada.

"É necessário fazer a fila de transplante continuar andando. Existem pessoas morrendo à espera de um órgão, e temos protocolos de segurança para realizar cirurgias sem risco aos pacientes que precisam ser transplantados", enfatiza o médico.

Eduardo comenta que os transplantes de fígado são seguros e podem ser realizados durante a pandemia. "Entre os prejudicados pela espera de um transplante estão os portadores de doenças do fígado em estágio avançado, como insuficiência hepática, cirrose e até mesmo câncer. Para eles, o transplante hepático é a principal forma de tratamento e, nesse caso, a doação do órgão pode acontecer entre vivos, o que viabiliza ainda mais a cirurgia."

O médico explica que, para continuar realizando os transplantes hepáticos durante a pandemia, o Hospital São Lucas Copacabana adotou diversos protocolos de segurança para preservar a saúde do paciente e assegurar o sucesso do tratamento, como uma área exclusiva na unidade dedicada a transplantes sem nenhum contato com pacientes que possam estar com o novo coronavírus. O hospital tem expertise em transplantes intervivos.

No centro cirúrgico, a higienização do ambiente e de equipamentos foi reforçada, assim como os cuidados com a anestesia. Na internação, as equipes médicas e assistenciais adotaram medidas de prevenção, como o uso de equipamento de proteção individual (EPI) em tempo integral e a triagem de todos os profissionais que atuam nesse setor, além da intensa higienização dos quartos.

"Após a alta hospitalar, nossas equipes médicas dão orientação extra de segurança aos familiares para que o paciente possa continuar sua recuperação em casa. O acompanhamento é feito por telemedicina, em que avaliamos o paciente por meio de chamadas de vídeo para que ele não precise retornar ao hospital", afirma o médico.

"Temos observado índices de transplantabilidade superiores aos dos Estados Unidos e de vários países da Europa. Com isso, o tempo na fila de espera é curto, e cerca de 95% dos pacientes inscritos conseguem fazer o transplante. Isso é um marco histórico no país", comemora o dr. Eduardo.


Como ser um doador

No Brasil, por lei, o transplante só pode ocorrer mediante autorização dos parentes, sem necessidade de documentação. Mas avisar à família, ainda em vida, que deseja ser doador de órgãos pode ajudar na decisão da autorização do procedimento.

O site www.doemaisvida.com.br e o Disque-Transplante (155) são os canais para esclarecimento de dúvidas e debate sobre o tema.


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