23/06/2020 às 10h36min - Atualizada em 23/06/2020 às 10h36min

Rigor de importação na China não impactará frigoríficos de MS

País asiático é o principal comprador dos produtos do Estado, responsável por 60% das exportações

 

Em meio à segunda onda de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19) na China, o país começou a intensificar o controle sanitário sobre a importação. Conforme as agências de notícias, no domingo (21), o departamento de alfândegas do país suspendeu a importação de frango de uma unidade norte-americana. Segundo o departamento, a medida se deve à confirmação de casos do novo coronavírus entre os funcionários da unidade. Mesmo com a confirmação de casos da Covid-19 em frigoríficos do Estado, a relação não deve ser afetada, segundo representantes do setor produtivo.

As exportações do agronegócio em Mato Grosso do Sul, entre janeiro e maio de 2020, representaram 96,38% das exportações do Estado e totalizaram US$ 2,2 bilhões em receita, alta de 8,63% em relação ao mesmo período de 2019. As carnes foram responsáveis por 17,98% do total. A China foi o destino de 60% dos produtos do agronegócio de Mato Grosso do Sul e respondeu por 52,6% do faturamento com as exportações, o equivalente a US$ 1,1 bilhão.

De acordo com secretário-adjunto da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Ricardo Senna, o governo do Estado, junto das empresas e prefeituras, agiu rapidamente para controlar o problema de contaminação nos frigoríficos. Portanto, é difícil que a relação comercial com o país asiático seja afetada.

“As empresas são as maiores interessadas, então, prontamente fizeram seu alinhamento com o governo. Não há motivos, do ponto de vista da sanidade animal, até porque a campanha de vacinação correu tudo bem e os produtores já vêm de longa data respeitando esses calendários. Já do ponto de vista da sanidade humana, esse aumento no número de casos da Covid-19 preocupa, mas o governo do Estado tem tomado todas as medidas. Mato Grosso do Sul continua sendo o estado com maior controle do País do aumento do número de casos”, explicou o secretário-adjunto.

Senna ressaltou ainda que a China pode usar a justificativa dos casos da Covid-19 nos frigoríficos para tentar negociar preços menores com o Estado. “Apesar da desvalorização do real ante o dólar, nossos produtos ficaram muito baratos, a desvalorização passou de 50%. Mas, mesmo assim, os chineses podem usar essa desculpa para tentar forçar uma baixa para poder comprar. Acho que está muito mais neste plano de uma guerra comercial do que um problema de fato que tenha sido derivado da pandemia”, reiterou.  

PRODUÇÃO

A produtividade nos frigoríficos não foi afetada pelos casos de coronavírus confirmados nos frigoríficos do Estado. De acordo com o presidente da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne (Assocarnes-MS), Sérgio Capuci, a produção teve uma pequena queda durante a pandemia, mas nada que afete grandemente a cadeia frigorífica estadual.

“Ainda não houve reflexo negativo na nossa produção. Desde o início da pandemia, tivemos uma pequena queda, mas pode-se dizer que o setor segue estável. Após os casos confirmados em frigoríficos, as empresas fecharam o cerco em relação às regras de biossegurança, reforçando os cuidados”, considerou Capuci.

Já quanto à relação comercial, Capuci diz que não há nenhuma repercussão negativa. “Por enquanto, não existe nenhum problema. Claro que pode acontecer, não dá para afirmar que não, mas por enquanto isso não repercutiu por aqui”, reforçou.

MEDIDAS

Os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Economia e da Saúde definiram em portaria conjunta as medidas destinadas à prevenção, ao controle e à mitigação dos riscos de transmissão da Covid-19 nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano e laticínios.

Entre as orientações trazidas pela Portaria 19 está a necessidade de acompanhamento de sinais e sintomas de Covid-19 e afastamento imediato por 14 dias dos funcionários que tiverem casos confirmados, suspeitos ou contactantes de confirmados.  

As regras são parecidas com as já estabelecidas no Estado. Segundo o secretário Jaime Verruck, titular da Semagro, hoje, todas as indústrias do Estado já utilizam protocolos de biossegurança. “É muito importante essa medida do ministério porque traz um ordenamento em cima desses protocolos e sobre o ponto de vista da própria segurança jurídica de procedimentos a serem utilizados”


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