06/07/2020 às 09h30min - Atualizada em 06/07/2020 às 09h30min

Educação é prejuízo oculto da pandemia

Qualidade das aulas vai refletir em perdas financeiras para os estudantes

Sala de aula vazia é sinônimo de prejuízo futuro - Álvaro Rezende / arquivo Correio do Estado
 

Um dos últimos seguimentos que serão retomados em razão da pandemia, a educação pode trazer perdas bilionárias no futuro. Com a eficácia do ensino remoto em xeque, o atraso no conteúdo deve derrubar o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) entre 5,3% a 2,3% nos próximos anos, segundo estimativas publicadas em um estudo feito por economistas do Insper.

Essa queda se deve à redução na renda futura dos jovens que hoje ocupam os bancos escolares. Ricardo Paes e Laura Müler Machado previram dois cenários possíveis em decorrência do novo coronavírus.

O primeiro deles, e talvez o mais provável, aconteceria se os conteúdos ministrados á distância não forem repostos em momento oportuno e os estudantes entrassem no mercado de trabalho sem eles. Ao longo de toda a vida, os estudantes poderiam perder R$ 42,5 mil.

A segunda hipótese seria se o calendário letivo fosse ampliado ou se o fim dos estudos fosse atrasado em um ano. Nesse caso, o déficit econômico nas fianças dos futuros profissionais cairia para R$ 10 mil. 

No efeito cascata, o rombo desembocaria no PIB com algo em torno de R$ 350 bilhões. A pesquisa foi publicada pela Folha de S. Paulo.

Já o jornal A Gazeta do Povo acrescenta que não é novidade que o afastamento das salas de aula gera perdas cognitivas.

O veículo cita um estudo feito pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos, que aponta déficit de até 37 em linguagens e 65% em matemática. Essa seria a regressão de estudantes americanos para o novo ano letivo, que no hemisfério norte começa no segundo semestre, com a chegada do outono.

Além disso, há estudos que apontam a perda cognitiva simplesmente em razão das férias dos alunos, que dirá meses distantes do ambiente de ensino.

MAIS POBRES

O Correio do Estado entrevistou a doutora em Educação de Mato Grosso do Sul Ângela Maria Costa a respeito do tema. Ela não apenas concorda como reforça que 2020 pode ser considerado ano perdido para a educação brasileira. 

“Nós estamos vivendo um momento que nunca foi vivido e todos estamos perdendo. O país está ficando cada dia mais pobre. Cada dia que acordamos, estamos mais pobres. Imagina a quantidade de pessoas desempregadas. As aulas presenciais são indispensáveis para que haja conhecimento, porque esse ensino remoto que estão fazendo é uma coisa de emergência. É como você tentar fechar um corte com muita hemorragia com um banda id”, afirma.

Essa forma de manter contato com os alunos via Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) não é suficiente para garantir o aprendizado completo e apenas serve para “segurar a onda”.

Segundo ela, a quantidade de conteúdos atrasados no ensino regular representa uma cifra a menos no salário.

“Nossa dívida vai aumentar, o dinheiro que o Brasil tem, que não é tanto assim, está sendo colocado nessa roda do desespero. Os alunos estão atrasados. Não acredito que esse ensino remoto tenha dado algum resultado. Sou inclusive a favor de que tenha uma avaliação disso aí, mas tinham que ser avaliadas, tinha que haver um exame nacional de séries para ver se eles aprenderam conteúdos determinados para esta série, senão nós estamos empurrando com a barriga”, completa. 

 

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