29/07/2020 às 07h53min - Atualizada em 29/07/2020 às 07h53min

Pesquisador explica os tipos de vacinas existentes e porque a imunização é segura

Informações falsas sobre a segurança das vacinas causaram o retorno de doenças consideradas erradicadas no passado

As vacinas estão no centro das discussões relacionadas ao novo coronavírus pela importância que desempenharão para o fim da pandemia do Sars-Cov-2. Porém, nos últimos anos, diversos movimentos contrários a imunização criaram uma insegurança na população, que não sabe até que ponto a vacina é benéfica para o corpo humano.

De acordo com o professor Dr. em doenças infecciosas e parasitárias, Roberto Dias de Oliveira, as vacinas são divididas em dois grandes grupos, as derivadas de organismos vivos e organismos mortos. “A priori as vacinas são divididas em dois grandes grupos, aquelas vacinas que são derivadas de organismos vivos, como é o caso da vacina de febre amarela. O vírus da febre amarela está presente na vacina, mas ele é atenuado por aumento de temperatura e uso de algumas substâncias”, afirma Oliveira.

Já o outro grupo pode ter além do vírus, outros organismos. “Nas vacinas derivadas de organismo mortos podemos pegar um pedaço de bactéria ou vírus para poder compor essas vacinas”, ressalta.

Em ambos os casos, a proposta da vacina é produzir anticorpos para determinada doença no organismo, sem que o paciente desenvolva a forma grave da patologia. “No caso das vacinas com organismo vivo, a presença desse vírus, atenuado, é capaz de enganar o organismo. Toda vacina é um embuste ao sistema imunológico, quer dizer, a gente expõe o sistema imunológico humano a um determinado agente patogênico. O corpo entende que a gente está sendo invadido por aquele agente e produz defesas ativando o sistema imunológico”, frisa.

Segundo Oliveira, há poucos casos de contraindicação a vacinas, normalmente relacionadas a outros componentes presentes no medicamento, como a proteína do ovo. “No caso da vacina para febre amarela, ela é composta de água, conservantes, antibióticos para evitar que seja um meio de contaminação para bactérias, além de ser cultivada em proteína do ovo. Caso a pessoa seja alérgica, essa pode ser uma contraindicação para a vacina de febre amarela”, aponta.

Segurança

O pesquisador defende que não há motivos para ter medo da imunização. “As vacinas do ponto de vista técnico são extremamente seguras porque as doses dos microrganismos presentes são pequenas, então é improvável que você tenha uma doença decorrente de uma vacinação. A vacina é a forma mais segura de se prevenir contra doenças, através da imunização ativa. Eu forço o sistema imunológico a produzir anticorpos de determinada doença. É uma maneira rápida e extremamente barata de a gente conseguir controlar algumas doenças”, acredita.

Segundo Oliveira, o surgimento de notícias falsas relacionando o uso de vacinas a casos de autismo, por exemplo, resultaram no retorno de doenças consideradas erradicadas em diversos países. “Nos últimos anos o que a gente tem visto é um surgimento ativo de movimentos antivacinas e a teoria mais defendida pelos desenvolvedores desses movimentos é que as vacinações têm provocado o autismo nas crianças. Do ponto de vista científico não existe nenhuma correlação entre o uso de vacina e o aparecimento de autismo. O que a gente tem observado é o ressurgimento de doenças que já estavam consideradas sob controle e erradicadas, como o sarampo. No mundo inteiro surgiu um grupo muito grande de pessoas contra a vacinação de sarampo e acabou que o sarampo se tornou endêmico em várias regiões do mundo, como nos Estados Unidos, que tem vários surtos da doença”, reforça. O Brasil também teve um aumento no número de casos de sarampo, mais de 338 casos em 2020, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Para o professor, provavelmente a vacina mais esperada no momento não deve erradicar a doença, mas evitar sua forma mais grave. “A vacina para a Covid-19 não vai ser uma vacina que vai erradicar a doença do mundo, ela vai manter sob controle para evitar formas graves e os óbitos em grupos de maior vulnerabilidade”, acredita.

Naiane Mesquita, Fundect   


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