30/07/2020 às 10h04min - Atualizada em 30/07/2020 às 10h04min

Setor produtivo captou mais de R$ 1 bilhão na pandemia

Banco do Brasil ainda disponibiliza R$ 8,9 bilhões, somando linhas de crédito para empresários e ruralistas de Mato Grosso do Sul

No Plano Safra 2020/2021, os produtores do Estado têm disponíveis R$ 8,6 bilhões – 12% a mais que no ciclo anterior - Foto: Valdenir Rezende / Correio do Estado
 

Uma das maiores dificuldades apontadas pelo setor produtivo durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) é conseguir acesso ao crédito para custeio e capital de giro. 

Dados do Banco do Brasil (BB) demonstram que, considerando todas as linhas disponíveis para empresários e ruralistas, em Mato Grosso do Sul foram liberados R$ 1,041 bilhão até a primeira quinzena de julho.

O Banco do Brasil informou que foram R$ 82,1 milhões contratados no Plano Safra, R$ 833,5 milhões do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO) e R$ 125,5 milhões do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Somados, os recursos chegam a R$ 1,041 bilhão.

Plano safra

Lançado no dia 17 de junho e acessível desde o dia 1º deste mês, o Plano Safra 2020/2021 oferece ao produtor rural crédito para custeio, investimentos, comercialização e industrialização. Nesta edição foram disponibilizados R$ 8,6 bilhões para o produtor sul-mato-grossense. 

“Desde o primeiro dia, os produtores de MS já estão contratando suas operações de crédito. O Banco do Brasil está disponibilizando na nova safra 12% a mais do que o realizado na safra 2019/2020. Até o dia 10 de julho, foram desembolsados R$ 82,1 milhões no Estado”, informou o vice-presidente de Agronegócios e Governo do Banco do Brasil, João Pinto Rabelo Junior.

Do montante, R$ 77 milhões foram aplicados na agricultura empresarial, R$ 3,5 milhões para os médios produtores e R$ 1,6 milhão na agricultura familiar.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja-MS), André Dobashi, o Plano Safra é de extrema importância para o produtor, não só sul-mato-grossense, mas para o brasileiro de uma maneira geral. 

“A gente observa e parabeniza o trabalho da ministra Tereza Cristina. A gente viu o esforço para priorizar o seguro para o produtor rural, a gente vê um recurso bastante expressivo para fomentar essa segurança para o produtor, que é muito dependente do seguro pelas adversidades”, disse.

 

Condições

O custo do crédito para produtores rurais inscritos no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) varia de 2,75% a 4% ao ano para custeio e comercialização. 

No Plano Safra do período anterior, a variação era de 3% a 4,6% ao ano.

Os juros também foram reduzidos para produtores rurais assistidos pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), de 6% para 5% ao ano. 

Para grandes produtores, a redução da taxa de juros no Banco do Brasil foi maior, dois pontos porcentuais – de 8% ao ano para 6% ao ano.

“As taxas de juros menores para pequenos e médios produtores valorizam a agricultura familiar, que é muito importante para que a gente consiga promover competitividade para o pequeno e o médio [produtor]. E os médios e grandes produtores também não ficaram de fora”, explicou Dobashi.

Rabelo Junior ainda explica que, além dessas linhas, o banco disponibiliza outras alternativas de financiamento, como as possibilidades em mercado de capitais e Cédula de Produto Rural (CPR), por exemplo.

FCO

Outra opção que inclui produtores rurais e empresários é a linha do FCO. Para aplicação em 2020 pelo Banco Brasil, estão previstos recursos de R$ 1,24 bilhão para o Estado. 

Destes recursos, o porcentual de 50% é destinado para aplicação no setor rural e 50% para o setor empresarial. Os recursos previstos poderão ser remanejados no âmbito da unidade federativa, de acordo com a demanda que efetivamente se verificar.

“Até o mês de junho já foram desembolsados R$ 833,5 milhões em MS. Assim, para o segundo semestre de 2020, o Banco do Brasil conta com uma previsão orçamentária na ordem de R$ 413,5 milhões para o Estado”, informou Rabelo Junior ao Correio do Estado.

Empresários

A linha Capital de Giro Emergencial do FCO disponibilizou R$ 204 milhões para empresas e cooperativas com faturamento inferior a R$ 90 milhões anuais, com teto de R$ 100 mil por beneficiário para custeio ou de R$ 200 mil para investimentos. 

A taxa de juros é de 2,5% ao ano, com 24 meses para pagamento e carência até dezembro de 2020.

Para quem já tem contratos, o BB prorrogou as parcelas do FCO empresarial de agosto e setembro e o pagamento ficou para 2021, beneficiando 6 mil contratos empresariais.

Outra linha para facilitar o acesso de empresários ao crédito é o Pronampe. No programa foram atendidas 2.175 empresas em um montante total de R$ 125,5 milhões. 

A linha é destinada a capital de giro para empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano, e o limite de financiamento é de até 30% da receita bruta de 2019 informada à Receita Federal. Com oito meses de carência e 28 meses para pagamento, a taxa de juros é equivalente à Selic (2,25%) mais 1,25% ao ano.

O Pronampe disponibilizou R$ 5 bilhões para todo o País, que se esgotaram em menos de 10 dias.

De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio-MS (IPF-MS, Daniela Dias, com o início da retomada do consumo e a facilitação de crédito, alguns empresários começam a vislumbrar recuperação: “Uma das principais dificuldades ainda se volta para a parte de garantias. A gente já percebe uma facilitação e, principalmente, um grande apoio do Sebrae em relação às garantias desses empréstimos. Por isso, tivemos a amenização do cenário no comércio”.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MS), Juliano Wertheimer, disse que, “apesar do alto nível de liberação de recursos no setor, poucos conseguiram acessar o crédito”.


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