27/08/2020 às 11h16min - Atualizada em 27/08/2020 às 11h16min

Unicef: 463 milhões de crianças não conseguiram acesso remoto às aulas

Unicef: 463 milhões de crianças não conseguiram acesso remoto às aulas

Nha Nha ajuda a irmã Sopheap a acompanhar aula virtual no Camboja; Unicef diz que mais de 400 milhões de crianças não conseguiram estudar de forma remota Foto: Thomas Cristofoletti / Unicef

Ao menos 463 milhões de crianças em todo o mundo não conseguiram acessar o conteúdo escolar de forma remota durante a pandemia do novo coronavírus, aponta relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado nesta quinta-feira (27).

Em um momento em que diversos países do mundo discutem os planos de retomada das aulas, a Unicef divulgou o estudo Remote Learning Reachability (Acessibilidade do aprendizado remoto, em tradução livre), mostrando que um terço das crianças em idade escolar foram incapazes de acessar o ensino disponibilizado pela internet.

 
 

Segundo o documento, "a enorme escala de fechamentos de escolas revelou a distribuição desigual de tecnologia necessária para facilitar o aprendizado remoto digital e transmitido em casa, bem como a falta de sistemas para apoiar professores e cuidadores no uso eficaz e seguro da tecnologia para a aprendizagem."

Entre os estudantes que não acessam as aulas online, 75% deles vivem em áreas rurais ou fazem parte de famílias mais pobres. 

Globalmente, 72% das crianças vivem nas famílias mais pobres de seus países. Ao se analisar, no entanto, países com renda de média alta, esse índice sobre para 86%.

O relatório mostra ainda que mesmo quando há tecnologia e ferramentas suficientes para o acesso às aulas, muitos não são capazes de aprender devido a diversos fatores externos, como obrigação de trabalhar, falta de apoio da família e responsáveis, e a pressão para realizar tarefas domésticas.

Outro aspecto levantado pela Unicef é a região em que o estudante vive. A maior proporção de alunos em idade escolar afetada pelo ensino remoto está concentrada na África.

São 48% (54 milhões) dos alunos da África Subsaariana; 49% (67 milhões) na África Ocidental e Central e 40% (37 milhões) na África Oriental e Meridional.

A região menos afetada, segundo a Unicef, é a América Latina e o Caribe, onde apenas 9% (13 milhões) dos estudantes teriam sido atingidos pela mudança.

Maria, de 9 anos, assiste aula no celular do pai em campo de refugiados na Síria

Maria, de 9 anos, assiste aula no celular do pai em campo de refugiados na Síria

Maria, de 9 anos, assiste aula online no celular do pai em campo de refugiados na zona rural de Idlib, na Síria

Foto: Ali Haj Suleiman / Unicef

Com base neste diagnóstico, a Unicef reforça a necessidade de os governos priorizarem a reabertura das escolas e a expansão do acesso à educação, especialmente aos grupos mais vulneráveis.

Além disso, o órgão das Nações Unidas pede que sejam criados sistemas educacionais de adaptados para resistir às futuras crises. 

Em junho de 2020, a Coalização Global de Educação, formada por Unicef Brasil, Unesco, Banco Mundial e o Programa Mundial de Alimentos, emitiu um documento com conselhos práticos para os governos.

O Marco de ação e recomendações para a reabertura de escolas traz recomendações exclusivas para o momento de reabertura das escolas.


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