Ao menos 463 milhões de crianças em todo o mundo não conseguiram acessar o conteúdo escolar de forma remota durante a pandemia do novo coronavírus, aponta relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), divulgado nesta quinta-feira (27).
Em um momento em que diversos países do mundo discutem os planos de retomada das aulas, a Unicef divulgou o estudo Remote Learning Reachability (Acessibilidade do aprendizado remoto, em tradução livre), mostrando que um terço das crianças em idade escolar foram incapazes de acessar o ensino disponibilizado pela internet.
Segundo o documento, "a enorme escala de fechamentos de escolas revelou a distribuição desigual de tecnologia necessária para facilitar o aprendizado remoto digital e transmitido em casa, bem como a falta de sistemas para apoiar professores e cuidadores no uso eficaz e seguro da tecnologia para a aprendizagem."
Entre os estudantes que não acessam as aulas online, 75% deles vivem em áreas rurais ou fazem parte de famílias mais pobres.
Globalmente, 72% das crianças vivem nas famílias mais pobres de seus países. Ao se analisar, no entanto, países com renda de média alta, esse índice sobre para 86%.
O relatório mostra ainda que mesmo quando há tecnologia e ferramentas suficientes para o acesso às aulas, muitos não são capazes de aprender devido a diversos fatores externos, como obrigação de trabalhar, falta de apoio da família e responsáveis, e a pressão para realizar tarefas domésticas.
Outro aspecto levantado pela Unicef é a região em que o estudante vive. A maior proporção de alunos em idade escolar afetada pelo ensino remoto está concentrada na África.
São 48% (54 milhões) dos alunos da África Subsaariana; 49% (67 milhões) na África Ocidental e Central e 40% (37 milhões) na África Oriental e Meridional.
A região menos afetada, segundo a Unicef, é a América Latina e o Caribe, onde apenas 9% (13 milhões) dos estudantes teriam sido atingidos pela mudança.
Com base neste diagnóstico, a Unicef reforça a necessidade de os governos priorizarem a reabertura das escolas e a expansão do acesso à educação, especialmente aos grupos mais vulneráveis.
Além disso, o órgão das Nações Unidas pede que sejam criados sistemas educacionais de adaptados para resistir às futuras crises.
Em junho de 2020, a Coalização Global de Educação, formada por Unicef Brasil, Unesco, Banco Mundial e o Programa Mundial de Alimentos, emitiu um documento com conselhos práticos para os governos.
O Marco de ação e recomendações para a reabertura de escolas traz recomendações exclusivas para o momento de reabertura das escolas.