18/09/2020 às 09h38min - Atualizada em 18/09/2020 às 09h38min

Pantanal: Fogo destrói 70% de parque com maior número de onças-pintadas no mundo

Pantanal: Fogo destrói 70% de parque com maior número de onças-pintadas no mundo

Giovanna Bronze Da CNN

O Parque Estadual Encontro das Águas, no Mato Grosso, é conhecido como a região com maior concentração de onças no mundo. A área de preservação, no entanto, já teve 70% de sua área devastada por conta das queimadas no bioma do Pantanal. 

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) do Mato Grosso, cerca de 77 mil hectares do parque já foram atingidos pelas queimadas da região. Esse número corresponde a 70,66% do total da unidade ambiental, que possui 108.960 hectares.

Ainda de acordo com a pasta, a região do Pantanal do estado é a com mais onças no país: as estimativas são de 8 onças por 100km, considerada também uma média alta em relação a outros locais do mundo. Segundo a Sema, isso se deve a abundância de presas e qualidade do habitat.

No entanto, grande parte desse habitat e ecossistema está sendo atingido pelas queimadas no bioma. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 15.477 pontos de incêndio até o dia 15 de setembro de 2020 — maior taxa na história do monitoramento da região. As queimadas já consumiram 2.832.000 hectares do Pantanal, o que corresponde a mais de 18% deste bioma.

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Com a destruição do habitat causada pelas queimadas, a fauna é diretamente afetada. Segundo a professora Viviane Layme, do Instituto de Biociências da UFMT, o problema é a caçada por alimentos na região. “Não vai ter comida e eles vão começar a sair do parque, e aí começa a ter mais embates com humanos”, disse, sobre a área afetada no Parque Estadual Encontro das Águas, que também foi atingido pelas queimadas. “A criação desse parque nacional é para tentar melhorar isso, principalmente para animais de grande porte como onças e antas, que também demoram muito para atingir a fase adulta.”

Além da perda da biodiversidade, a pesquisadora também ressalta a perda no comércio e no valor agregado da região: “O turismo no Pantanal traz muito dinheiro. Tem gente que paga muito caro para fazer o birdwatching (atividade de ver pássaros na natureza). O Pantanal é o local perfeito para avistarem animais, porque se for lá você, vai ver. É o nosso paralelo da Savana Africana. Além de gerar esse recurso, gera muito emprego”.

Em estudo de 2017, intitulado “The number of the beast: Valuation of jaguar tourism and cattle depredation in the brazilian pantanal” (“Os números da besta: valorização da onça-pintada e depredação de gado no Pantanal Brasileiro”, em tradução livre), outros pesquisadores da UFMT abordaram a importância do ecoturismo relacionado às onças na região.

De acordo com o estudo do departamento de Ecologia e Botânica, o ecoturismo relacionado a onças no Pantanal “gera renda anual 56 vezes maior do que o dano ambiental causado para criação de gado”. 

“Em resumo, nossos resultados demonstram que a indústria do ecoturismo deve ser explicitamente considerada pela órgãos governamentais como grandes geradores de receita no Pantanal, com vantagem adicional de atuar como agente ambiental ferramenta de conservação não só para onças, mas também para todo o ecossistema”, finalizam o pesquisadores.


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