13/10/2020 às 17h45min - Atualizada em 21/10/2020 às 00h00min

Como transformar os sistemas alimentares para garantir a segurança alimentar e dietas saudáveis para todos

Para comemorar o Dia da Alimentação, é preciso discutir sobre nutrição e segurança alimentar

DINO
http://www.agro.bayer.com.br

No momento em que o Dia Mundial da Alimentação, comemorado em 16 de outubro, começa a suscitar discussões sobre o estado da nutrição e da segurança alimentar no mundo atualmente, é preciso fazer duas observações gerais. Primeiramente, os efeitos da crise de COVID-19 na segurança alimentar serão globais e duradouros. Em segundo lugar, alguns dos maiores desafios alimentares já existiam muito antes da pandemia e, embora tenham sido exacerbados pelo novo coronavírus, não foram criados por ele.

De qualquer forma, o mundo não está próximo do futuro com fome zero que os líderes mundiais sonham. O número total de pessoas que sofrem com a fome aumentou em 10 milhões desde 2019 e uma avaliação preliminar da pandemia sugere que serão acrescentados de 83 milhões a 132 milhões de pessoas a este total, dependendo do cenário de recuperação que o mundo seguir. A COVID-19 se soma à lista dos principais vetores da pobreza alimentar, junto com as condições econômicas em deterioração, desigualdade de recursos, conflitos e a mudança climática.

Algumas partes da América Latina sentirão esses efeitos de maneira especialmente forte. A insegurança alimentar já é uma realidade para 205 milhões de latino-americanos, de acordo com o relatório sobre o Estado de Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo em 2020.

Ao mesmo tempo, a obesidade afeta a população da América Latina de forma desproporcional, em consequência da falta de acesso a dietas saudáveis. Na América Latina, uma opção de alimentação saudável custa cinco vezes mais do que uma não saudável. É o custo relativo mais alto do mundo e cerca de 104 milhões de pessoas não têm como pagar por isso.

Tudo isto em uma região com enorme potencial agrícola. Os países da América Latina e do Caribe respondem por 56% da produção mundial de café, 25% da produção global de banana, 28% da produção mundial de cítricos, 44% da produção global de açúcar e 50% da produção mundial de soja. Como um todo, a região exporta mais do que importa alimentos e commodities agrícolas. Porém, mesmo com a tecnologia agrícola que se tem hoje, ainda existem muitos desafios, como o desperdício de alimentos. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que 6% das perdas globais de alimentos ocorrem na América Latina e no Caribe; a cada ano, a região desperdiça cerca de 15% dos alimentos disponíveis.

O lema do Dia Mundial da Alimentação em 2020 é “Nossas ações são o nosso futuro”. Claramente, são necessárias mais ações para tornar os sistemas alimentares mais estáveis, mais preparados para o futuro e mais resistentes às ameaças globais. Pode basear essa ação em três princípios fundamentais: sustentabilidade, inovação e colaboração.

A sustentabilidade já é um dos temas mais compreendidos no sistema alimentar, mas o entendimento ainda não é correspondido por ações escaláveis. Precisa-se fazer mais para fomentar e reforçar as práticas sustentáveis em todo o sistema de produção, transporte, processamento e varejo. Todo novo investimento agrícola, por exemplo, precisa ter a sustentabilidade como critério fundamental.

As iniciativas e as políticas para recompensar os agricultores pelo uso sustentável da terra por exemplo se pagarão regenerando e preservando nossa área de terras agrícolas e biodiversidade existentes, garantindo a segurança alimentar e dietas saudáveis. Considere a  introdução de incentivos pela Bayer para a adoção de práticas climáticas inteligentes e regenerativas, como o plantio direto e culturas de cobertura. Sistemas como este criam uma abordagem de sustentabilidade liderada pelo mercado —reconhecendo que a mudança começa no campo, e que somente envolvendo todos poderemos alcançar o seu potencial máximo.

O poder da tecnologia na agricultura é inquestionável, desde a detecção por imagem de satélite de doenças nas lavouras até a tecnologia blockchain que aumenta a transparência na cadeia de abastecimento e para o consumidor final. Mas o desenvolvimento de novas tecnologias é apenas uma parte da inovação que necessitamos; ao mesmo tempo, deve-se aumentar o acesso à tecnologia. Para 3 bilhões de pessoas no mundo, a digitalização ainda não significa nada, pois vivem em áreas remotas ou carentes, desprovidas de internet. A FAO destaca a necessidade de "fechar a lacuna digital". Para isso, será necessário um conjunto completo de ações, incluindo desenvolvimento social, investimento em infraestrutura e um plano de implementação coordenado que incorpore agentes nacionais e regionais.

Isso está intimamente ligado ao terceiro princípio, a colaboração. Nenhum dos objetivos serão realizados a menos que se consiga conectar stakeholders através de fronteiras intranacionais e internacionais. Precisa estabelecer grupos intermercadológicos e conectados, compartilhando percepções sobre como resolver desafios —não apenas os responsáveis pelo sistema de alimentos, mas também os profissionais de saúde e nutrição, a sociedade civil, a academia e os formuladores de políticas públicas. Iniciativas como Diálogos sobre Sistemas Alimentares já estão em ação para unir múltiplos stakeholders e tomadores de decisão sob uma visão comum, permitindo uma ação conjunta eficaz. Espera-se ver iniciativas coletivas como essa crescerem rapidamente.

O que fica claro ao considerar esses princípios-chave é que não se pode vê-los como soluções individuais — precisa-se enfrentá-los como um caminho interconectado. A ação coordenada permitirá o fechamento de lacunas tecnológicas, o que acelerará a transformação do sistema alimentar com base na sustentabilidade. À medida que progredimos em direção a um, avançamos em direção a todos.  Ações como a promoção do acesso a novas tecnologias, a conscientização dos consumidores quanto à importância da ciência e da tecnologia para a sustentabilidade na produção de alimentos e o estabelecimento de laços mais fortes entre agricultores e consumidores podem trazer resultados em grande escala na região, mas nenhuma entidade poderá realizar tudo isso sozinha.

Especificamente na América Latina, é necessário ter esperança de que é possível alcançar grandes progressos em termos de sustentabilidade, inovação e colaboração. Se todos os atores do sistema de alimentos trabalharem juntos, será possível começar a transformar o sistema hoje.



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