16/12/2019 às 08h48min - Atualizada em 16/12/2019 às 08h48min

Unei Dom Bosco tem motim, agente é feito refém e 27 adolescentes fogem

Neste ano, a Unei, localizada a 20 km da área urbana de Campo Grande, já havia registrado motim e tentativa de fuga

Campo Grande News
Unei Dom Bosco teve horas de tensão na madrugada desta segunda-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Motim e fuga de 27 internos marcaram a madrugada desta segunda-feira (dia 16) na Unei Dom Bosco (Unidade Educacional de Internação). A unidade fica na saída para Três Lagoas, a 20 quilômetros da área urbana de Campo Grande, e tem 95 adolescentes. 

No local, um agente de segurança socioeducativo relatou à reportagem que os adolescentes simularam uma briga no pavilhão B. Os agentes tentaram conter a confusão, mas um acabou rendido. O motim se espalhou do pavilhão B para toda a unidade, com a abertura dos alojamentos. O agente conta que os profissionais foram ameaçados de morte e foram horas de terror.

“Saí vivo só por Deus”, diz o agente, que deixou a Unei na manhã desta segunda-feira com a roupa toda suja. Ainda de acordo com ele, houve uma tentativa frustrada de usar os carros dos trabalhadores na fuga. “Isso aqui é o retrato do abandono. Não tem nenhuma segurança, nenhuma viatura”, diz. Há relato de um agente ferido.

A reportagem chegou até a guarita da Unei, sendo proibido o acesso. A guarita estava vazia, com vidros quebrados, sendo habitat para pássaros, como evidencia uma casinha de João-de-barro. Na entrada, também há uma câmera de monitoramento com fios caídos e, aparentemente, inoperante. 

Neste ano, a Unei Dom Bosco já havia registrado motim e tentativa de fuga. Outro episódio foi o afastamento de sete servidores, após o MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciar “fatos criminosos considerados gravíssimos”. O adolescente relatou sequência de agressões, com cassetete, tapas e spray de pimenta, no mês de setembro de 2018, após ser flagrado numa tentativa de fuga. Em outubro, o TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) determinou o retorno dos servidores

Em 2016, relatório do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura) constatou que a tortura era uma prática recorrente e disseminada na unidade, localizada na saída para Três Lagoas.

 


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