16/12/2019 às 14h45min - Atualizada em 16/12/2019 às 14h45min

Há 4 meses, MS não tem inseticida para fumacê no combate a dengue

Produto ainda não foi enviado pelo Ministério da Saúde e período de chuvas é preocupante

Correio do Estado
Fumacê fica comprometido por falta de produto químico - Foto: Foto: Álvaro Rezende / Arquivo / Correio do Estado

Desde julho deste ano, Mato Grosso do Sul não tem mais estoque de inseticida para utilizar no fumacê de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Em Campo Grande, a fumaça com o produto químico é usada nas viaturas da Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais (CCEV) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e espalhada pelos bairros. A aplicação do inseticida visa atingir, principalmente, as fêmeas do mosquito causador das doenças, mas é possível que outras espécies de insetos sejam atingidas e, por isso, a utilização deste método de aplicação deve ocorrer de forma criteriosa.

Mas não é só Mato Grosso do Sul que está com o produto químico em falta. Outros estados como Minas Gerais, Espírito Santo e o Paraná por exemplo também passam pelo mesmo problema desde julho.

Dados da Sesau apontam que as notificações de dengue caíram de 160 em novembro para 30 casos em dezembro. O maior índice de casos foi em março, quando 9.721 notificações foram registradas. Maior índice de casos neste ano foi em março, quando 8.529 foram notificados.

Segundo disse o secretário municipal de saúde, José Mauro, em agenda pública, a falta do fumacê acontece porque o produto não foi enviado e o que havia em estoque não estava próprio para uso. “A questão agora é atuar em outras frentes e novos projetos, como o Wolbachia, que comprovadamente tem o efeito em outros estados, e vai ser implantado no ano que vem. A melhor forma de combater a dengue é a educação da população de não deixar lixo, isso já é comprovado cientificamente”, destacou. 

De acordo com a Superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, Veruska Lahdo, o fumacê é um bom aliado ao combate do mosquito Aedes, mas não é o fator principal do combate. “A gente tem outras maneiras mais eficazes de combater o mosquito, que é o controle mecânico, visitas nas casas e também o apoio da população no cuidado do quintal. O inseticida ajuda e não dá chance para os mosquitos, mas não é a principal ferramenta utilizada”, explicou. 

Para Veruska, mesmo nos quatros meses sem o produto não houve aumento significativo de focos da doença. “As chuvas estão começando então é comum ter aumento de casos em janeiro e fevereiro, por conta do calor também, a gente vem monitorando todo trabalho por meio dos mutirões e não teve aumento significativo. O trabalho continua, a equipe está preparada, mesmo não havendo uma das ferramentas”, disse.

Priscilla Alexandrino é médica infectologista e confirmou que o produto não é exclusivamente fator eliminatório do mosquito. “Os focos são intradomiciliares, o inseticida é uma ferramenta que ajuda, mas não é de forma isolada, então é possível fazer o combate sem o produto, vai também da conscientização de cada pessoa em cuidar para não aumentar os focos dentro da própria casa”, finalizou. 

O Correio do Estado entrou em contato com o Ministério de Saúde sobre a falta do inseticida e previsão de envio para Mato Grosso do Sul e outros estados, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. 

BACTÉRIA WOLBACHIA

Em abril deste ano, foi lançado em Campo Grande o projeto de combate a dengue. Trata-se do método para infectar mosquitos Aedes aegypti clinicamente com a bactéria Wolbachia para combater outros mosquitos transmissores da doença. 

A expectativa é reduzir o número de pessoas infectadas pelos vírus transmitidos pelo Aedes e ao mesmo tempo aumentar a população de mosquitos infectados com a Wolbachia, bloqueando assim a infecção da população.

Em Campo Grande, 400 pessoas participam dos testes com a vacina e o projeto está previsto para ser implementado em 2020.


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