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Em algum momento da vida, os brasileiros tiveram ou utilizaram bicicletas em seu dia a dia. Para alguns, são vistas como opções de lazer. Para outros, como atividade física ou até mesmo como modalidade esportiva. Há quem as utilize como meio de transporte, já outros como alternativas eficientes para o delivery e para a logística nacional. Contudo, com a pandemia da covid-19 afetando setores inteiros e acelerando a transformação digital, houve demanda crescente de entregas em todo o país.
Assim, para dar conta dessa realidade, todo meio de transporte se revelou útil para agilizar esse serviço.
As bicicletas também se reinventaram em meio à pandemia. Como são individuais, usadas ao ar livre, longe de aglomeração, e ainda promovem uma vida mais saudável, se transformaram em uma alternativa de mobilidade nas cidades brasileiras. Pesquisa do Datafolha mostra que, entre aqueles que não têm carro próprio, são o meio de deslocamento mais seguro para 38% da população, à frente de aplicativos de viagem, táxis e transporte coletivo. Já um levantamento da Semexe, marketplace de bicicletas seminovas, 58% das pessoas desejam incorporar as bicicletas em seu dia a dia como opção de transporte.
Além de opções de lazer, as bicicletas passaram a ser vistas, principalmente, como alternativas de meio de locomoção para pessoas e cargas. Isso não significa que transportar mercadorias pedalando seja inovador ou diferente. A questão é que, diante do surgimento de novas opções, como carros e motos, elas foram deixadas de lado pela falta de segurança e velocidade de deslocamento. Se há necessidade de entregar algum pedido em um local a 15 quilômetros de distância, é preferível utilizar algum transporte motorizado.
Contudo, os problemas de mobilidade das grandes cidades atualmente, com excesso de carros e motos nas ruas, recolocaram as bicicletas, em sua versão elétrica, no centro das iniciativas de entregas. Três motivos explicam esse renascimento. O primeiro deles é a questão operacional. As bicicletas podem se locomover por ciclovias e ciclofaixas, permitindo mais agilidade no delivery.
Além disso, são ecologicamente corretas, uma vez que não consomem combustível. Ao serem mais ágeis do que as demais, solucionam dois dos grandes problemas do sistema logístico no Brasil: o last mile, ou seja, o último trecho da entrega, e o same-day delivery, que são as entregas no mesmo dia. Cidadãos que já moram na região podem alugar bicicletas elétricas e realizarem entregas para grandes transportadoras e varejistas em determinado raio de atuação. Por fim, o modal elétrico permite trajetos maiores em comparação as bicicletas tradicionais, o que poupa o biker de longas jornadas.
Evidente que a empreitada possui o apoio da tecnologia. Para que as entregas desse tipo funcionem, é preciso contar com uma plataforma capaz de gerenciar os pedidos, separando-os de acordo com região, tipo de produto e tempo de entrega. Não é viável, por exemplo, disponibilizar itens de grande porte para o entregador que usa bicicleta. Tampouco solicitar uma entrega para alguém que está a quilômetros de distância do local. São situações que as ferramentas das startups de entregas conseguem resolver com o apoio de inteligência artificial e big data.
Sendo assim, as bicicletas continuam como importantes ferramentas logísticas para agilizar entregas que as transportadoras tradicionais e até mesmo os veículos motorizados não conseguem atender. Nos próximos meses, a tendência é de que encomendas venham de um entregador ou entregadora que esteja pilotando uma bike elétrica. A situação pode demonstrar que a entrega foi feita com agilidade, eficiência, segurança, respeito ao meio ambiente e à sustentabilidade.
*Vinicius Pessin é CEO da Logtech Eu Entrego - e-mail: euentrego@nbpress.com
