O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, decretaram, a partir desta sexta-feira (11), lockdown na Capital em mais 42 municípios de Mato Grosso do Sul. A medida extrema tem o objetivo de salvar vidas e reduzir o colapso no sistema de saúde. Com todos os leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensivo) ocupados, o Estado repete o drama de Manaus, priorizando o socorro a jovens infectados e exportando pacientes para outros Estados.
“Mato Grosso do Sul possui muitos municípios em cinza e esses municípios em cinza conforme o Prosseguir devem permitir somente as atividades essenciais com toque de recolher às 20h”, explicou a Secretaria Estadual de Saúde, por meio da assessoria. Apesar de determinar a suspensão das atividades não essenciais, o Governo não gosta do termo lockdown, por considera-lo impopular.
A esperança de evitar a medida extrema era o envio das 3 milhões de doses da vacina Jansen contra a covid-19, que deve ser aplicada até o dia 27 deste mês. No entanto, a mobilização de políticos e da população não sensibilizou as autoridades federais e o “milagre” não veio. O Estado segue o exemplo do Amazonas, que só conseguiu contornar o caos após fechar tudo.
“Os municípios deverão adotar, no âmbito de seus territórios, as recomendações emitidas pelo Comitê Gestor do Programa de Saúde e Segurança da Economia (PROSSEGUIR), as quais terão caráter vinculativo e deverão ser fixadas em consonância com as bases e as diretrizes constantes do Decreto Estadual nº 15.462, de 25 de junho de 2020”, determinaram Reinaldo e Geraldo.
Desde a semana passada, sem leitos de UTI, o Estado vem enviando pacientes para tratamento intensivista em Rondônia e São Paulo. Dos 21 encaminhados para outros estados, três morreram. Além disso, pesou na decisão, o novo recorde com a confirmação de mais de 3 mil novos casos nesta quarta-feira (9).
A bandeira cinza é válida para Água Clara, Alcinópolis, Amambai, Anastácio, Antônio João, Aparecida do Taboado, Bataguassu, Batayporã, Bela Vista, Bodoquena, Bonito, Brasilândia, Caarapó, Camapuã, Campo Grande, Chapadão do Sul, Coronel Sapucaia, Corumbá, Costa Rica, Deodápolis, Dourados, Fátima do Sul, Iguatemi, Itaporã, Itaquiraí, Ivinhema, Japorã, Jardim, Juti, Maracaju, Miranda, Naviraí, Nova Alvorada, Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Porto Murtinho, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Selvíria, Sete Quedas, Sidrolândia, Terenos e Três Lagoas.
De acordo com o decreto, a predominância das variantes P1 e P2 do coronavírus, que possuem alta capacidade de transmissão, pesou na decisão de suspender todas as atividades não essenciais.
Desde o mês passado, o prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD), tem seguido a risco as determinações do Prosseguir. O caso mais ilustrativo foi o toque de recolher, que tem variado de acordo com a bandeira do programa. Atualmente, a Capital está na bandeira vermelha, que antecipou o toque de recolher das 22h para as 21h.
O colapso no sistema público de saúde também levou os prefeitos, por meio da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), a pedir medidas mais restritivas para conter a pandemia no Estado.
Dourados foi a primeira cidade do Estado a decretar lockdown. O prefeito Alan Guedes (Progressistas) alegou que não queria entrar para a história como o gestor responsável pelo aumento no número de mortes no município, o 2º mais populoso de Mato Grosso do Sul.
As cidades poderão não fechar tudo, mas os prefeitos deverão apresentar bom embasamento técnico para não acatar a recomendação estadual. “Os municípios que não adotarem as recomendações a que se refere o caput deste artigo deverão apresentar as justificativas técnicas para o descumprimento perante a Secretaria de Estado de Saúde, que procederá a sua avaliação”, alertaram o governador e o secretário estadual de Saúde.
Na prática, a determinação é para o fechamento do comércio, lanchonetes, bares, restaurantes, entre outros. A indústria e igrejas poderão funcionar porque foram consideradas atividades essenciais. “Atividades religiosas, vedada a aglomeração e desde que realizadas mediante a adoção das medidas de biossegurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, nos termos da Lei Estadual nº 5.502, de 7 de maio de 2020”, podem ser permitidas.
No final de março e início de abril, Marquinhos antecipou feriados e Reinaldo emendou outros, paralisando parcialmente as atividades em MS por 10 dias. As medidas conseguiram reduzir a ocupação de UTI, mas a situação piorou após o Dias das Mães.