11/12/2019 às 13h12min - Atualizada em 13/01/2020 às 00h00min

Estudo revela que o jogador Cristiano Ronaldo tem descendência judaica

Pesquisadores especializados na nacionalidade portuguesa via judeus sefarditas revelou que o jogador possui ancestrais cristãos-novos.

DINO
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Centenas de judeus deixaram as suas casas fungindo da Inquisição.

Dentre as pesquisas e montagens de árvores genealógicas para efeitos de nacionalidade portuguesa pela via sefardita, uma equipe de historiadores luso-brasileiros concluiu estudo que comprova que o jogador Cristiano Ronaldo tem raízes judaicas. A descoberta foi uma surpresa até para os pesquisadores e ocorreu de maneira despropositada.

Foi o pesquisador Pedro Arruda, especializado em genealogia sefardita, que chegou no nome do jogador. “Descobri não só que ele (Cristiano Ronaldo) descende desses judeus como temos a mesma ancestral cristã-nova”, comemora o genealogista que trabalha para uma empresa portuguesa especializada no assunto.

A ancestral a que o pesquisador se refere é Leonor Ribeiro, que foi presa e torturada pela Inquisição sob a acusação do crime de judaísmo. Leonor morreu em Lisboa, em 1595, viúva e longe da família. Estima-se que cerca de XXX judeus foram condenados pela Santa Inquisição. “O processo de Leonor e de outros cristãos-novos estão guardados nos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, e os registros dos seus descendes estão no Arquivo e Biblioteca da Madeira”, explica Pedro Arruda. Todos esses arquivos estão abertos à pesquisa pública.

Cristiano Ronaldo, como muitos outros portugueses originários da Ilha da Madeira, é descendente dos judeus portugueses que fugiram do continente para escapar da perseguição no início do século XVI pelo rei Dom João III. A ilha foi uma das principais rotas migratórias para os judeus que buscavam fugir do controle mais rigoroso do Santo Ofício.

A saga de várias famílias judias que resistiram as adversidades e perseguições entre os séculos XVI a XVIII, época da Inquisição, estão sendo relevadas após Portugal reconhecer o “erro histórico” e, como forma de reparação, abrir a possibilidade do resgate da cidadania portuguesa para os descendentes dos judeus portugueses que foram vítimas de tais crimes.

Sobre a nacionalidade portuguesa por esta via

Motivados pela reconquista da suas origens portuguesas e obtenção da nacionalidade portuguesa, milhares de pessoas de todo o mundo agora buscam comprovar seus vínculos com os sefarditas. Recentemente, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que 46,2% dos estrangeiros que não residem em Portugal e que adquiriram a nacionalidade portuguesa em 2018 foram por descendência sefardita. Já são mais de 33 mil requerimentos e 7 mil atribuições da cidadania portuguesa através deste meio.

Para Renato Martins, advogado e sócio da Martins Castro Consultoria Internacional, empresa que elaborou a pesquisa e se dedica a processos de cidadania portuguesa, a descoberta das origens do jogador pode ser um importante meio de divulgação da lei para milhares de descendentes sefarditas. “Esses judeus migraram para várias partes do mundo e estima-se que milhares de latino americanos tenham direito a esse regaste. O grande desafio hoje é a divulgação dessa possibilidade”, afirma.

A cidadania portuguesa pela via sefardita é uma forma de reparação histórica do país para com os descendentes desses judeus. Para o advogado, “descobrir a ascendência sefardita de alguém famoso como o Cristiano Ronaldo ajuda a tornar a lei conhecida não apenas no Brasil e em Portugal, mas no mundo todo!”, comenta, “com isso, o Estado português consegue reparar minimamente um crime cometido contra o povo judeu e contra a humanidade”.

Lei de reparo

A legislação portuguesa, por meio da Lei nº 1/2013 e do Decreto-Lei 30-A/2015, passou a conceder a nacionalidade portuguesa, por naturalização, aos descendentes de judeus sefarditas. Essa descendência é confirmada por meio de um estudo genealógico que é depois submetido às Comunidades Israelitas de Lisboa ou do Porto.

Os judeus sefarditas são os descendentes das antigas comunidades judaicas da Península Ibérica (Portugal e Espanha). A partir de finais do século XV passaram a ser perseguidos pelo Estado e pela Santa Inquisição, sendo forçados a se converterem ao catolicismo, sob pena de serem expulsos do seu território, fato que ocasionou a fuga de milhares de judeus para vários países: Brasil, Venezuela, Colômbia, México etc.



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