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Estrada tomada pelas águas na região do Pantanal da Nhecolândia (Foto: André Bittar)
“Mesmo assim não está ocorrendo o pico que costumava ocorrer. São pequenos pulsos de cheia, sem serem prolongados como antes”, comenta o cineasta e ambientalista, Maurício Copetti, responsável pelas imagens da pousada.
Mudança de cenário também na região do Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá, onde as estradas se transformaram em verdadeiros rios. Acostumado a frequentar a região da Fazenda Barranco Alto há três anos, o fotojornalista André Bittar, de 30 anos, tinha presente na memória os efeitos da seca e agora comemora os efeitos da cheia.
Ele lembra de ter presenciado cenas tristes como a de pássaros se arriscando na beira dos rios desesperados e quatis cavando o solo, ambas espécies em busca de água. Também viu muitos jacarés desnutridos. “Essa chuva é uma bênção”, resume ele, que enfrentou alguns perrengues nesta viagem de quase 16 horas. “Foi surreal!”, diz.
“Vi muitos pássaros voando, a quantidade de rãs e sapos que essa chuva traz. Você vê outras espécies de pássaros muito perto de você. É uma loucura de vida”.
André Bittar, fotojornalista e fotógrafo da natureza
O pesquisador da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Carlos Padovani, opina que a beleza do Pantanal tem muita relação com o fato de ser uma região heterogênea.
Sobre esta cheia, por exemplo, ele afirma ainda não ter sido registrada na centenária régua da Marinha em Ladário, que mede quando o Rio Paraguai extravasa, porque está ocorrendo em pontos isolados do Pantanal.
Normalmente, as cheias que ocorrem nos rios de MS são resultado dos transbordamentos dos rios do estado vizinho, Mato Grosso. “Esse ano inverteu. Ao invés de chover mais no norte, choveu no sul”, resume.
Nas regiões do Pantanal de Paiaguás e Nhecolândia as cheias são resultado exclusivamente de chuvas e não tem relação com extravasamento de rios. É o que está ocorrendo neste momento.
O pesquisador afirma que as cheias deste ano no Rio Paraguai em Mato Grosso do Sul não devem ser tão intensas quanto as que ocorreram em 2011, até porque a tendência é que as chuvas diminuam a partir de agora. Mesmo assim haverá uma certa infiltração das águas no solo que deve amenizar os efeitos da seca registrada nos últimos anos.
