15/08/2023 às 11h19min - Atualizada em 15/08/2023 às 11h19min

Gigantes podem se unir em consórcio para administrar a Malha Oeste

Empresas da mineração e da celulose, grandes geradoras de demanda para a ferrovia, conversam nos bastidores para administrá-la

Ferrovia Malha Oeste, que passa por Campo Grande, está sem uso desde a década passada - GERSON OLIVEIRA

Nos bastidores, já se articula a formação de um consórcio que poderá envolver grandes empresas que têm alta demanda de transporte de Mato Grosso do Sul para a Região Sudeste do Brasil para o processo de relicitação da Malha Oeste. 

O Correio do Estado apurou que um grupo que envolve empresas ligadas à holding J&F, como a J&F Mineração e a Eldorado Celulose, a Suzano e até mesmo empresas do setor petroquímico, como distribuidoras, já tiveram conversas de bastidores para se unir em consórcio para administrar a Malha Oeste. 

Atualmente, a ferrovia, que liga Corumbá a Mairinque (SP) e que atravessa Mato Grosso do Sul de leste a oeste e ainda tem um ramal que liga a Capital até Ponta Porã, tem 1.973 quilômetros de extensão. A concessão, que está sob a responsabilidade da Rumo Logística, é utilizada com mais frequência apenas em um trecho localizado no estado de São Paulo, entre as cidades de Mairinque e Bauru. 

A Rumo Logística, conforme apurou o Correio do Estado, poderia inclusive integrar o consórcio que administra a empresa. A ferrovia está em fase de escolha de uma nova concessionária e, no início deste mês, o Tribunal de Contas da União deu aval para que a empresa renegocie sua permanência na concessão, sem que seja necessário participar do processo de relicitação aberto pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

Um estudo realizado pelo governo de Mato Grosso do Sul no início desta década, quando a ferrovia no Estado já estava praticamente desativada há pelo menos cinco anos, indicou que a Malha Oeste tem demanda para transportar pelo menos 74 milhões de toneladas.

Entre os produtos que tornam a ferrovia viável está o minério de ferro, atualmente produzido pela J&F Mineração, antiga unidade da Vale em Corumbá. No auge da extração de minério, a demanda da mineradora faz com que aproximadamente 700 caminhões por dia deixem o Maciço do Urucum em direção às siderúrgicas da Região Sudeste.

Além disso, há forte demanda para o transporte de celulose para o Porto de Santos (SP). No momento, há três grandes plantas (duas da Suzano e uma da Eldorado) em Três Lagoas. Mas a partir do próximo ano a expectativa é de que a produção da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo também possa ser escoada pela ferrovia. Todas as cidades estão localizadas ao longo da Malha Oeste. 

Na mão oposta, ainda existe a demanda por combustíveis e produtos industrializados da Região Sudeste. E daqui para São Paulo ainda se pode escoar grãos e produtos frigoríficos. 

Investimentos

Pelos estudos de viabilidade apresentados no processo de relicitação, a nova concessionária terá de investir R$ 18,1 bilhões no prazo de 60 anos, sendo o maior valor (R$ 16,4 bilhões) nos próximos sete anos, na troca de dormentes e trilhos, compra de locomotivas, reforma de pátios de manobra, entre outras obras. 

A previsão é de que o volume de carga transportada seja 12 vezes maior em 2031, gerando receita líquida de R$ 21,8 bilhões até 2083 para a nova concessionária.


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