01/11/2023 às 11h42min - Atualizada em 01/11/2023 às 11h42min

Operação do Gaeco mira transportadoras aliadas ao tráfico

O trabalho investigativo do Ministério Público durou cerca de 18 meses e apreendeu mais de 17 toneladas de maconha

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) ontem cumpriu mandados da Operação Entrepostos, que investiga o envolvimento de transportadoras no armazenamento e no carregamento de caminhões com cargas contendo drogas.

Segundo o Ministério Publico do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), a operação tem o objetivo de desmantelar uma organização criminosa armada de tráfico interestadual que atua em Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.

A operação deflagrada cumpriu 33 mandados de prisão preventiva e 30 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Ponta Porã e nos demais estados citados. O Gaeco informou que 15 pessoas também foram presas em flagrante na ação.

Na logística do grupo criminoso, segundo o Gaeco, os integrantes exerciam diversas funções, como gerenciar e coordenar atividades desde a aquisição das cargas de drogas, em Campo Grande e Ponta Porã, até o transporte ao destino final, além daqueles que serviam como motoristas das cargas, “batedores” e auxiliares de carga/descarga dos caminhões.

O diferencial desta organização é o acesso a transportadoras de cargas, o que viabilizava aos criminosos sempre contratar frete de cargas lícitas, tais como grãos e madeira, que serviam para ocultar os entorpecentes e dificultar a fiscalização.

A organização criminosa locava grandes galpões ou barracões em Campo Grande, que serviam para armazenar temporariamente as cargas de drogas vindas da cidade fronteiriça de Ponta Porã.

Nesses locais ocorria o carregamento e a mistura com a carga lícita nos grandes caminhões de carga que realizavam o transporte para o destino final, que seriam traficantes residentes em outras unidades federativas, como São Paulo e Minas Gerais.

Conforme apuração do Correio do Estado, uma das empresas que pode estar envolvida na investigação do Gaeco é uma transportadora com sede em Rondonópolis (MT).

Foi possível identificar que veículos dessa empresa estavam entre os caminhões apreendidos pelo Ministério Público com drogas disfarçadas em cargas de milho.

A mesma maneira de disfarce de cargas e transportadora foram encontradas por uma equipe do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Campo Grande, no mês de junho, em um posto de gasolina próximo à saída para Três Lagoas. 

O condutor do veículo informou que carregava maconha para ser levada para Minas Gerais, um dos estados investigados pelo Ministério Público na Operação Entrepostos.

As diligências contaram com apoio operacional de equipes do Batalhão de Choque, do Batalhão de Operações Especiais e da Força Tática da Polícia Militar de MS, além da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).

ROTA DO CRIME

No mesmo dia em que ocorreu a operação do Gaeco, a Polícia Federal deflagrou a Operação Rota do Crime 2 contra o tráfico de drogas.

Foram cumpridos mandados de prisão temporária e de busca e apreensão nas cidades de Ponta Porã, Olímpia (SP) e São Paulo (SP).

Os presos são articuladores de esquema criminoso que contratava fretes por meio de serviço terceirizado com a finalidade de traficar drogas de Ponta Porã para outros estados da Federação.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações começaram após flagrante ocorrido em novembro de 2022, com a apreensão de mais de 1,5 tonelada de maconha em caminhão fretado com destino ao interior de São Paulo.

ROTA DO TRÁFICO

Localizada na região central de Mato Grosso do Sul, Campo Grande se tornou uma das principais centrais de distribuição de drogas para diversas regiões do País.

Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) demonstram que nos últimos dois anos, apenas em Campo Grande, foram apreendidas 8,7 toneladas de cocaína, 5 toneladas em 2022 e 3,7 toneladas neste ano (dados da semana passada). As apreensões de maconha também cresceram.

Se comparado com o histórico de apreensão deste tipo de droga em Campo Grande dos últimos nove anos (2013 a 2021), quando o total de cocaína apreendida não passou de 7 toneladas, em apenas dois anos, foi interceptado na Capital um volume 24% maior do entorpecente.

Em entrevista ao Correio do Estado neste mês, o delegado regional de Polícia Judiciária Marcelo Corrêa Botelho confirmou que Campo Grande está na rota do tráfico de drogas brasileiro.

“Campo Grande está em um dos corredores por onde os traficantes transportam os entorpecentes para os outros estados. Por isso, está se tornando um entreposto natural. No entanto, neste ano temos também como destaque as delegacias de Corumbá, Dourados e Ponta Porã na quantidade de flagrantes lavrados no ano corrente”, declarou.


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