12/01/2024 às 11h48min - Atualizada em 12/01/2024 às 11h48min

Colisões frontais são responsáveis por 40% dos óbitos em rodovias do Estado

Dados da Polícia Rodoviária Federal indicam que em 2023 foram 184 mortes, das quais 74 decorreram de batidas de frente

Colisão frontal entre caminhão e caminhonete, na terça-feira, na BR-267, terminou com três mortos - Reprodução/Nova News

Em Mato Grosso do Sul, 40,22% das pessoas que morreram nas rodovias federais estavam em veículos que colidiram frontalmente com outros. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a maioria dessas mortes ocorreu na BR-163, que corta o Estado de norte a sul e tem o maior fluxo de carros.

Ao todo, 184 pessoas morreram por causa de acidentes em rodovias federais do Estado, 74 delas em decorrência de colisões frontais.

Para se ter uma ideia da gravidade deste tipo de acidente, eles representaram no ano passado 35,81% do total de colisões com morte registradas: de 148, 53 foram deste tipo. O levantamento mostra que o porcentual de mortes (40,22%) em colisões frontais também é maior.

De acordo com a PRF, esse tipo de colisão é causado geralmente pela invasão da pista contrária pelo motorista, por diversas causas, mas a mais comum é a ultrapassagem imprudente.

“As causas que levam a essa situação são diversas, como falhas mecânicas, perda do controle do veículo, sonolência, embriaguez e ultrapassagens malsucedidas, sendo esta última a mais comum entre elas”, declarou a PRF, em nota.

“Grande parte dos acidentes nas rodovias tem como causa principal fatores relacionados ao comportamento dos condutores. Alguns exemplos são a ausência de reação ou a reação tardia do condutor, que podem estar relacionadas a fatores como distrações, embriaguez ou até mesmo sonolência ao volante,o excesso de velocidade, as ultrapassagens malsucedidas, entre outros”, explicou a corporação.

Conforme a PRF, a velocidade dos veículos é o principal fator que deixa os acidentes mais grave.
“Nas colisões frontais, a energia do impacto é transferida diretamente entre os veículos e, quando associada a altas velocidades, aumenta a probabilidade de danos graves à estrutura, resultando em consequências mais sérias”, avaliou a PRF.

ÚLTIMO CASO

Na terça-feira, três pessoas morreram em um acidente na BR-267. A colisão, que foi frontal, envolveu uma caminhonete S10 e uma carreta Scania, aproximadamente a 10 quilômetros do Posto da Torre, no distrito de Nova Casa Verde, pertencente ao município de Nova Andradina.

Segundo o Corpo de Bombeiros, havia três pessoas na caminhonete S10 e todas morreram no local. Após a colisão, a caminhonete pegou fogo. 

Conforme o site Nova News, eles participariam de um curso em Nova Alvorada do Sul na quarta-feira. 
O motorista do caminhão saiu ileso e disse à polícia que a rodovia estava em péssimas condições. As causas exatas do acidente ainda estão sendo apuradas. 

O caminhão seguia em direção ao distrito de Nova Casa Verde, e a caminhonete S10, a Nova Andradina. 
Segundo o caminhoneiro, ele teria perdido o controle da direção, invadido a pista contrária e colidido com a caminhonete, que foi arrastada por um trecho até bater em uma árvore, momento em que teria começado o incêndio.

Em 2023, a BR-267 contabilizou 123 acidentes, dos quais 16 foram frontais. Ocorreram 16 acidentes fatais (7 frutos de colisões frontais) na via, que resultaram em 20 mortes (9 em função de colisões frontais).

RODOVIAS

Segundo os dados da PRF, a BR-163 e a BR-262 são os maiores palcos de acidentes graves em Mato Grosso do Sul. Ao todo, a BR-163 contabilizou 755 acidentes no ano passado, dos quais 35 foram frontais. Já na BR-262 foram 375 colisões, das quais 30 foram frontais.

No caso da BR-163, ao todo foram 47 acidentes fatais, que resultaram em 64 mortes. Desses números, foram 17 colisões frontais, que resultaram em 30 mortes. Esses dados mostram que enquanto houve praticamente uma morte a cada acidente (30 batidas e 34 mortes), no caso das colisões frontais, o número de óbitos é quase o dobro (17 acidentes e 30 óbitos).

Em termos de comparação, a BR-262, outra grande rodovia federal que passa pelo Estado, teve 35 acidentes fatais, que resultaram em 41 óbitos. Em relação às colisões frontais, foram 12, com 13 óbitos.

CONCESSÃO

A BR-163 está desde 2014 sob responsabilidade da concessionária CCR MSVia e já foi chamada de rodovia da morte. Apesar de ainda ser a estrada com maior quantidade de óbitos, houve uma queda em relação ao período em que ela era de responsabilidade do governo federal.

Segundo a CCR MSVia, antes da privatização, a rodovia contabilizava 92 mortes por ano.
A queda se deve aos trechos de duplicação que a rodovia recebeu depois que foi concedida à iniciativa privada. Hoje, a BR-163 tem 150 quilômetros duplicados e, segundo a PRF, a maioria dos acidentes envolvendo colisões frontais são relacionados justamente aos trechos de pista simples.

“As colisões frontais são mais comuns em trechos de pista simples, sem acostamento ou onde a visibilidade não é adequada, como curvas, aclives e declives”, explicou, em nota.

No primeiro semestre do ano passado, para se ter uma ideia, o Anel Viário de Campo Grande, que corresponde a apenas 3% da extensão da BR-163 no Estado, concentrou 20% dos acidentes registrados pela PRF. O trecho não é duplicado.

A promessa é de que o Anel Viário, com o novo contrato entre CCR MSVia e governo federal, deverá ser completamente duplicado. Ao todo, serão mais 190 km de duplicação na rodovia, dos quais 185 km devem estar entre Nova Alvorada do Sul e Bandeirantes, segundo o secretário de Infraestrutura e Logística, Hélio Peluffo.

O novo contrato, entretanto, ainda não foi assinado porque passa por avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU). Segundo o ministro interino dos Transportes, George André Palermo Santoro, a previsão é de que a extensão do acordo seja assinada somente em abril deste ano.

Além da duplicação, o novo contrato também prevê mais 170 km de terceira faixa. Ao todo, serão investidos R$ 12 bilhões ao longo de 35 anos de contrato.

SAIBA

De acordo com nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre acidentes de trânsito no Brasil, de 2010 a 2019, cerca de 13% das colisões frontais foram responsáveis por quase 40% de todas as mortes. 


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