16/01/2024 às 09h07min - Atualizada em 16/01/2024 às 09h07min

Chuvas irregulares e calor extremo atrasam cheias no Pantanal

Em janeiro, geralmente o bioma já registra cheias nos rios; neste ano, especialista relata que isso ainda não ocorreu

KETLEN GOMES

O Pantanal sul-mato-grossense pode ter mais um ano atípico, isso porque, de acordo com as projeções climáticas para este ano, as chuvas irregulares e o calor acima da média neste verão estão atrasando as cheias dos rios no bioma. 

O meteorologista do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) Vinicius Sperling pontua que, em janeiro do ano passado, a cheia no Pantanal de MS já tinha iniciado, o que, em 2024, ainda não ocorreu. 

“O mês mais chuvoso do ano no Pantanal, e em boa parte de MS, é janeiro. O que estamos observando são chuvas irregulares e calor acima da média. Nessa mesma época do ano passado, o Pantanal já estava alagado, este ano ainda não, muito por conta dessa irregularidade das chuvas. Chove em uma área ou bairro e na área vizinha não”, exemplifica o meteorologista. 

Além da irregularidade das chuvas, as precipitações se encontram dentro ou ligeiramente abaixo da média histórica. Em alguns municípios do Pantanal, que têm estações meteorológicas, dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam diferenças nos volumes de chuva. 

Nos 15 primeiros dias de janeiro deste ano, em Corumbá, choveu 83,8 milímetros, enquanto Coxim registrou apenas 16,6 milímetros de chuva acumulada no mês. Os índices registrados pelas cidades em janeiro do ano passado foram de 143,2 milímetros e 340,6 milímetros, respectivamente. 

Aquidauana teve 72,4 milímetros de chuvas nos 15 primeiros dias de 2024, enquanto durante janeiro do ano passado teve 152,4 milímetros. 

Já Miranda registrou 41 milímetros de precipitação este ano e 197,6 milímetros em janeiro de 2023. Porto Murtinho só tem dados de 2024, que pontuam apenas 23,8 milímetros de chuvas. 

Um dos fatores que tem se destacado nos últimos meses é o calor excessivo em todo o Estado. “Tanto o bioma Pantanal como Mato Grosso do Sul têm tido temperaturas acima da média histórica, os indicadores de seca do monitor de secas da ANA [Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico] indicam que partes do bioma Pantanal saíram da classificação de seca fraca em outubro para seca moderada em novembro. Os dados de dezembro ainda não estão disponíveis, mas tudo indica que se manterá na classificação de seca moderada”, detalha Vinicius Sperling. 

Uma das explicações da classificação são os dados de precipitação acumulada do Cemtec, que avalia 46 municípios do Estado. Desses, 35 ficaram com chuvas abaixo da média histórica, entre eles Coxim, com - 35% no esperado de chuvas, Aquidauana, com - 22%, e Porto Murtinho, que teve - 42%. 

EL NIÑO 

O meteorologista Vinicius Sperling afirma que o fenômeno El Niño “tem grande influência no aumento das temperaturas”, e no Centro-Oeste essa influência é mais evidente no calor excessivo do que na questão das chuvas, que é outro ponto que o El Niño interfere. 

“O El Niño bagunça geral o clima, ainda mais um El Niño intenso como este de 2023/2024”, comenta Sperling. De acordo com os indicativos meteorológicos, o fenômeno deve atuar, a princípio, até os meses de abril e maio deste ano, e depois o Estado entraria em uma zona de neutralidade, que é quando o clima fica o mais próximo do considerado normal. 

Entretanto, o meteorologista adverte que essas condições climáticas devem ser acompanhadas mensalmente, pois pode haver mudanças. 

O El Niño faz parte do fenômeno Enos, que se refere às mudanças na temperatura do Oceano Pacífico Equatorial e aquece as águas superficiais do Pacífico. Ele ocorre, em média, a cada dois ou sete anos e foi um dos fatores agravantes para as temperaturas elevadas no inverno do ano passado em MS e para as fortes ondas de calor.


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