27/05/2024 às 17h27min - Atualizada em 27/05/2024 às 17h27min

Juros do crédito rotativo sobem para 423,5% ao ano, enquanto taxa média de crédito para famílias cai

Dados do Banco Central mostram alta significativa nos juros do cartão de crédito rotativo, apesar de reduções nas taxas médias de crédito livre para famílias e empresas em abril

Juros do crédito rotativo sobem para 423,5% ao ano, enquanto taxa média de crédito para famílias cai - Divulgação: Agência Brasil

A taxa média de juros das concessões de crédito para famílias apresentou uma pequena redução em abril, enquanto os juros do cartão de crédito rotativo continuaram a subir, aumentando 2,2 pontos percentuais (pp) e atingindo 423,5% ao ano, de acordo com as Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira (27).

O crédito rotativo, com duração de 30 dias, é utilizado quando o consumidor paga menos que o valor integral da fatura do cartão de crédito, contraindo um empréstimo sobre o valor restante. Esta modalidade é uma das mais altas do mercado.

Apesar da lei que entrou em vigor em janeiro, limitando os juros do rotativo a 100% do valor da dívida, a medida não afetou as taxas pactuadas antes da nova legislação, mantendo-se sem impacto nas estatísticas de abril.

Considerando os 12 meses encerrados em abril, houve uma redução de 23,8 pp nos juros do cartão rotativo. Após os 30 dias iniciais, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão, com os juros do crédito parcelado caindo 8,7 pp no mês e 18,5 pp em 12 meses, chegando a 128% ao ano.

Crédito Livre

A taxa média de juros das concessões de crédito livre para famílias reduziu 0,4 pp em abril e 6,6 pp em 12 meses, atingindo 53% ao ano. Os juros do cheque especial subiram 1,8 pp no mês e caíram 3,6 pp em 12 meses, ficando em 129,9% ao ano. Houve reduções menores no crédito consignado, aquisições de bens e arrendamento mercantil.

Para empresas, os juros médios no crédito livre aumentaram 0,4 pp em abril e reduziram 2,2 pp em 12 meses, atingindo 21,3% ao ano. Destacaram-se os aumentos nas taxas de capital de giro com prazo superior a 365 dias (1 pp) e de cartão de crédito rotativo (39,7 pp).

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar dinheiro e definir taxas de juros, enquanto no crédito direcionado, as regras são definidas pelo governo, focando nos setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito.

Taxa Média

Para o crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 9,9% ao ano em abril, aumento de 0,1 pp no mês e redução de 1,2 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa caiu 2 pp no mês e 3 pp em 12 meses, para 11,3% ao ano.

Combinando recursos livres e direcionados, a taxa média de juros das concessões em abril diminuiu 0,2 pp no mês e 3,9 pp em 12 meses, alcançando 28% ao ano.

A redução dos juros bancários médios ocorre em um contexto de queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, que está em 10,5% ao ano.

No entanto, devido à alta do dólar e ao aumento das incertezas, o Banco Central reduziu o ritmo dos cortes na Selic de 0,5 pp para 0,25 pp na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio.

Saldos das Operações

Em abril, as concessões de crédito caíram 1,6%, totalizando R$ 562,2 bilhões, refletindo um aumento de 4% para pessoas físicas e uma queda de 8% para empresas.

O estoque total de empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu R$ 5,893 trilhões, um aumento de 0,2% em relação a março.

Houve uma redução de 0,9% no saldo das operações de crédito para pessoas jurídicas (R$ 2,249 trilhões) e um incremento de 0,9% para pessoas físicas (R$ 3,644 trilhões). Em termos anuais, o crédito total cresceu 8,7% em abril.

O crédito ampliado ao setor não financeiro, que inclui crédito para empresas, famílias e governos de diversas fontes, atingiu R$ 16,711 trilhões, um aumento de 0,9% no mês e 10,4% em 12 meses, impulsionado principalmente pelos títulos da dívida pública e empréstimos externos, que subiram 1,4% e 2,2%, respectivamente.

Endividamento das Famílias

A inadimplência, definida como atrasos acima de 90 dias, manteve-se estável, registrando 3,2% em abril. Nas operações para pessoas físicas, a inadimplência ficou em 3,6%, enquanto para pessoas jurídicas, foi de 2,6%.

O endividamento das famílias, que é a relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses, foi de 48% em março, aumento de 0,2 pp no mês e queda de 0,6 pp em 12 meses. Excluindo o financiamento imobiliário, o endividamento ficou em 30,1% em abril.

O comprometimento da renda, a relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média no período, foi de 26,5% em março, aumento de 0,8 pp no mês e queda de 1,1 pp em 12 meses.

Esses indicadores são apresentados com uma defasagem maior devido ao uso de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


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