21/09/2024 às 11h13min - Atualizada em 21/09/2024 às 11h13min

Entenda por que não se deve lavar as carnes antes de prepará-las

Seja de vaca, frango ou porco, não lave a carne antes de prepará-la, pois, em vez de higienizá-la, você pode apenas estar ajudando na circulação de bactérias e de outros patógenos; o alerta vem de nutricionistas e de outros pesquisadores

Além de ineficaz, a lavagem da carne favorece a circulação de germes que causam cólera e outras doenças - Foto: Reprodução

Antes de preparar algumas receitas com carne, seja de vaca, frango ou porco, muitas pessoas ainda têm o hábito de lavar a proteína. O que muitos desconhecem é que, além de ineficaz, essa ação não é considerada segura por diferentes razões.

O contato com a água, em vez de reduzir o risco de doenças, pode espalhar patógenos (bactérias, vírus, fungos e outros organismos que causam doenças). Veja o caso de algumas bactérias.

A Salmonella (gênero de bactérias), por exemplo, pode estar presente no frango e causar sintomas como diarreia. Já a Campylobacter (gênero de bactérias), além da diarreia, pode ocasionar o desenvolvimento de doença autoimune. 

A Escherichia coli (bactéria) pode estar presente em carnes cruas ou malpassadas, assim como a Vibrio cholerae (bactéria), causadora da cólera, em frutos do mar. Ambas podem causar sintomas como dor e inchaço abdominal, mal-estar, náuseas com ou sem vômitos, diarreia e, em alguns casos, febre.


FATOR TRADIÇÃO

Em outros países também é comum se lavar a carne antes do preparo. Nos EUA, por exemplo, sete em cada 10 pessoas costumam lavá-la antes do cozimento.

O fator tradição é outro motivador que conta muito entre os defensores do hábito. Na alimentação kosher, praticada por judeus em todo o mundo, costuma-se submergir o frango cru em água com sal e limão, regra obrigatória que vem de uma tradição de milênios.

Deixar de molho ou enxaguar a carne crua em água salgada e ácida (limão, laranja, vinagre) desde sempre foi um hábito em várias outras culturas. Mas o fato cientificamente comprovado é que a submersão da carne em uma tigela de água reduz os respingos, mas não impede a disseminação de germes. 

A água faz esses organismos circularem. “O calor mata 10 mil vezes mais do que o enxágue”, diz Benjamin Chapman, professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA) e um dos autores de um estudo sobre o assunto.

Quanto às soluções com ácido, só serão mesmo eficazes a depender da dosagem e se as mãos que forem manipular a carne estiverem com luvas limpas. Para evitar a contaminação ao cozinhar, a higienização do local onde o alimento será manipulado também é essencial. Para explicar melhor sobre essa questão, a nutricionista Jéssica Benazzi mostra quais são os riscos e dá dicas de práticas que ajudam a cozinhar de forma segura.

CONTAMINAÇÃO CRUZADA

Ao lavar as carnes, bactérias como Salmonella ou Escherichia coli podem ser transferidas para outros alimentos ou superfícies. A ação aumenta o risco de contaminação cruzada, pois, ao utilizar a água, respingos podem ser espalhados em diferentes superfícies, utensílios e alimentos.

REMOÇÃO DE BACTÉRIAS

A lavagem não elimina as bactérias da carne. Na verdade, a água não é capaz de remover completamente os microrganismos. Já o calor durante o cozimento é a maneira mais eficaz de matar bactérias e outros patógenos. Nesse caso, a principal forma de garantir a segurança alimentar é cozinhar a carne a temperaturas internas adequadas.

COZINHA LIMPA

Certifique-se de que superfícies, os utensílios e as mãos estejam limpos e desinfetados. Isso evita que você possa contaminar os alimentos que estão sendo manipulados naquele espaço utilizado. Para manter os locais e objetos higienizados, utilize detergente e panos limpos.

TERMÔMETRO

Use um termômetro de alimentos para garantir que a carne atinja a temperatura interna recomendada. Algumas doenças são transmitidas por conta de carnes cruas ou malcozidas. Com o uso do equipamento, é possível obter o 
ponto certo no meio da proteína.

TUDO SEPARADO

Evite a contaminação cruzada mantendo carnes cruas separadas de outros alimentos e usando utensílios diferentes para proteína e outros ingredientes. Não utilize a mesma faca ou tábua usada anteriormente para cortar legumes ou verduras.


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