19/06/2020 às 12h40min - Atualizada em 19/06/2020 às 12h40min

Gerson morreu aos 40 e pode ter infectado mais pessoas em festa de família -

Sem saber que estava com a doença, morador da cidade que tem 3 casos, esteve em evento com 200 pessoas e até prefeito participou -

CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS - Lucia Morel
Gérson Rosa de Oliveira, 40 anos, está entre as 12 pessoas que acabaram falecendo de covid-19 em Mato Grosso do Sul antes dos 60 anos. Ele também não apresentava qualquer comorbidade, ou seja, doença prévia, assim como outras seis vítimas da doença. -

Morador de Anastácio, ele trabalhava com roçada, fazendo limpeza de áreas públicas para empresa terceirizada do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Para a filha dele, Maekele Wendy Martins de Oliveira, 19 anos, o pai contraiu a doença trabalhando.

A morte de Gérson ocorreu ontem, 17 de junho, e deixou a família e também o pequeno município de 25.135 habitantes assustados. Ele engrossou a estatística de óbitos pela doença no Estado, que até ontem, era de 39 pessoas. Em toda Anastácio são apenas três casos confirmados da doença, e uma morte.

O número é considerado alto, levando-se em conta que a quantidade de mortes, desde 11 de junho, tem sido de pelo menos duas ao dia. Antes disso, a média era de ocorrer uma a cada cinco dias. A aceleração começou a partir de junho, já que em maio, chegou-se ao recorde de o espaço entre um óbito e outro ser de 11 dias.

Maekele, que é chamada também de Kelly, conta que o pai foi internado em 9 de junho, depois de alguns dias apresentando febre e dor de cabeça. “Cheguei a levar dipirona pra ele na casa dele”, lembrou.

Quando chegou ao ponto de ser internado, Gérson já estava com dores no peito, “pontadas duplas”, segundo a filha e foi direto para o Hospital de Aquidauana, onde foi entubado e passou a respirar com ajuda de aparelhos.

Segundo informações da SES (Secretaria de Estado de Saúde), o fator complicador do caso dele pode ter sido o fato dele ser fumante, como consta nos registros. Para a filha, houve mesmo demora para que se fizesse o diagnóstico adequado e que se cogitasse que se tratava de covid-19. “Fizeram o exame só um dia antes dele morrer”, lamenta. 

Kelly conta ainda que depois que foi para o hospital, o quadro de saúde “só piorou”, com comprometimento tanto do pulmão, que estava com pneumonia em estágio avançado, quanto do fígado. “A doença atacou os órgãos dele”, acredita.

A filha conta que Gérson era um bom pai, que estava presente sempre que precisava e que gostava de ficar com o neto, filho dela, de 2 anos de idade.

“Depois do que aconteceu, o certo é que eles (prefeitura) testassem a família inteira, mas só testaram a mim, a esposa dele e meus avós”, reclamou.

Para ela, a criança, assim como pelo menos outras 20 pessoas da família que mantinham contato direto com ele deveriam ser examinadas. No entanto, a administração municipal orientou o isolamento de todos, que estão em chácara dos pais de Gérson, conhecida como Chácara da Dona Calu, como a mãe dele é chamada.

Festa – Conhecidos na cidade, a família carrega o peso de poder ser a responsável por mais contaminações. Pelo menos 200 pessoas, conforme relatos em redes sociais e também de moradores de Anastácio que falaram com a reportagem, participaram de festa em 7 de junho, em comemoração ao aniversário da mãe de Gérson. Ele participou da comemoração, bem como o prefeito da cidade, Nildo Alves. -

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