13/08/2020 às 18h56min - Atualizada em 13/08/2020 às 18h56min

“Vidas indígenas também importam” diz liderança de Dois Irmãos do Buriti

Os líderem pedem maior empenho das autoridades em ajudar os povos indígenas

Kamila Alcântara - https://www.opantaneiro.com.br/

Em vídeo, o líder indígena Ageu Ribeiro da aldeia Água Azul, localizada em Dois Irmãos do Buriti, cobra das autoridades alguma ação para proteção das comunidades do município. Nos últimos dias, quatro anciões da aldeia morreram vítimas da Covid-19.

Segundo ele, órgãos competentes recebem repasse, mas não estão investindo nas comunidades e o sofrimento está instalado, não só em Dois Irmãos do Buriti, mas em todas as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul.



“Não é possível ver tamanha barbaridade, essa tragédia em todas as comunidades do Estado e não ter nenhuma ação eficiente para ajudar”, destaca Ageu. No último domingo ele perdeu o pai, o senhor Benedito Reginaldo, sendo que dias antes se despediu de mais três idosos respeitados dentro da comunidade.

No vídeo, Ageu ainda diz que os povos indígenas estão sendo dizimados. “É um genocídio dentro das comunidades! Não dá para ficar de braços cruzados. Eu peço, deem valor ao povo indígena. Vidas indígenas também importam, pois somos serem humanos como qualquer pessoa da sociedade”, clama.

Em Dois Irmãos do Buriti há oito aldeias. Quando as primeiras notícias da chegada do coronavírus no Estado começaram a circular, as comunidades organizaram barreiras sanitárias próprias, com apoio da administração municipal.



Já são seis meses de luta contra o vírus e os indígenas conseguiram se manterem afastados por mais de três meses, mas com pouco auxilio e faltando coisas básicas, acabaram sendo atingidos. A perda dos anciões está sendo muito dolorida para eles, explica o vereador terena Eder Alcântara (MDB).

“Infelizmente a pandemia chegou as aldeias e alcançou nossos anciões. Eles são os sábios, as pessoas que consultamos para procurar nosso direitos, nossa organização. Isso abalou toda a comunidade”, destaca Eder.

Com apoio do polo de Sidrolândia, recentemente a SES (Secretaria de Estado de Saúde) enviou mais dez leitos para atender as comunidades indígenas. “Acredito que, mesmo com todo o descaso do Governo Federal, conseguirmos ser atendidos pela Prefeitura, que ouviu o povo indígena”, pontua o terena.

Na próxima semana, uma equipe de médicos e enfermeiros do Exército Brasileiro chega a Dois Irmãos do Buriti para auxiliar nesses atendimentos. “É preciso coisas assim acontecer. Pessoas pagarem com vida para que o recurso venha, tarde mas veio”, conclui Eder. 


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