04/05/2023 às 13h42min - Atualizada em 05/05/2023 às 00h00min

O poder feminino na luta contra as mudanças climáticas

O Ecofeminismo em ação

SALA DA NOTÍCIA REPAM
Shutterstock
 

A crescente preocupação com as mudanças climáticas tem levado muitos a repensar a relação do ser humano com a natureza e a importância de uma abordagem mais consciente e sustentável. Nesse contexto, o ecofeminismo tem ganhado destaque como uma abordagem que promove a conexão entre a luta pelos direitos das mulheres e a proteção do meio ambiente.

 

O ecofeminismo é uma corrente de pensamento que surgiu na década de 70 e propõe uma análise crítica das opressões que mulheres e a natureza sofrem. A partir dessa perspectiva, o movimento ecofeminista busca promover uma mudança de paradigma na forma como a sociedade lida com a natureza, reconhecendo a interdependência entre os seres humanos e o meio ambiente.

De acordo com Tea Frigerio, Missionária de Maria – Xaveriana, formada em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, pós-graduada em Assessoria Bíblica pela Faculdades EST-CEBI, e atuante no Brasil desde 1974, há uma relação profunda entre Casa comum e Mulher, como sempre teve e há uma relação profunda entre Terra e Mulher. 

"Ao observar a vida cotidiana das mulheres na Amazônia, fica evidente que suas atividades estão intrinsecamente relacionadas ao meio ambiente. Um exemplo disso é a ribeirinha, que tem a responsabilidade de fornecer água para as atividades diárias e cujo trabalho depende da maré do rio. Com as mudanças climáticas, esse serviço se torna ainda mais pesado e instável, e as enchentes e secas só agravam a situação. Essas consequências das mudanças climáticas têm impacto significativo nas vidas das mulheres, e é preciso refletir sobre como isso afeta as relações de gênero, que já são profundamente desiguais. Portanto, é necessário que se leve em conta o recorte de gênero dentro da agenda climática e sejam tomadas ações efetivas para enfrentar essas questões", diz.

A missionária destaca a importância de incluir a perspectiva de gênero na agenda climática. “Enquanto a agenda climática é global e foca nas grandes mudanças, a perspectiva de gênero traz à tona a reflexão sobre o cotidiano. É importante questionar como as mudanças afetam a vida das mulheres, especialmente das mais vulneráveis, como as que vivem em periferias, em áreas rurais ou em comunidades indígenas. O recorte de gênero pede que o olhar se volte tanto para as grandes mudanças quanto para a cotidianidade da vida”. A missionária ainda enfatiza que é fundamental perceber a importância desse olhar para quem é invisível e ouvir a voz de quem geralmente não é ouvida.

Mulheres e meninas são indubitavelmente afetadas de forma desproporcional pelas mudanças climáticas e, no entanto, suas vozes frequentemente são negligenciadas nos espaços de tomada de decisão. De acordo com Frigerio, a esperança é uma atitude essencial nesta questão. É necessário passar da esperança para o "esperançar", uma atitude ativa que implica em ação. É preciso formar uma consciência coletiva e educar juntos e juntas. As mulheres e grupos marginalizados possuem uma força vital que, no cotidiano, é capaz de despertar criatividade e vitalidade. A defesa da vida está enraizada em sua essência, e o poder da vida reside nelas.


 
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